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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

HISTÓRIA DE ANTÔNIO

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Por Sonia Racy
Atualização:

 Foto: Renata Jubran/Estadão

Quando deixou, pela última vez, o prédio de número 254 da Praça Ramos de Azevedo, semana passada, José Pastore se despediu do imóvel que, durante 50 anos, abrigou a Votorantim e a sala de seu melhor amigo, Antônio Ermírio de Moraes, prestes a completar 85 anos. "Hoje é um dia histórico", disse, olhos marejados. Pastore não partiu de mãos vazias. Mas com o resultado de 35 anos de convivência: o livro Antônio Ermírio de Moraes - Memórias de um Diário Confidencial, que será lançado pela Editora Planeta, em maio.

Como nasceu a ideia do livro?

Sempre tive vontade de escrever um livro sobre a vida dele, porque acho o Antônio Ermírio uma pessoa inteligente, competente, patriótica, ética. Um brasileiro tão raro, que precisa ficar gravado.

É importante para o senhor que a homenagem seja em vida?

Muito! Já até levei a capa do livro para que ele checasse. Ficou um pouco encabulado ao se ver na capa de um livro.

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Ser muito amigo atrapalhou na produção do livro?

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Escrevi, logo no início, que o livro relata uma amizade e, exatamente por isso, os adjetivos são inevitáveis.

Ele trabalhava muito. Tinha tempo para a família?

Ele e eu sofremos da mesma doença: trabalhamos demais. E, olhando para a família, vemos que nem sempre as necessidades foram atendidas. Antônio Ermírio reconhece que precisava estar mais presente. E, no fundo, carrega um pouquinho de culpa, sim.

Qual a relação do empresário com o dinheiro?

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Não gastava nem com ele nem com a família. Não por ser sovina, mas por não sentir necessidade. Investia sim, e muito, na educação dos filhos. Eles tinham, bem como seus primos, de provar competência, trabalhar em outras empresas. Só depois entravam na Votorantim.

Como era a relação dele com o irmão José Ermírio?

Ele tinha a maior admiração e deferência. Tanto que se referia a ele quase como pai. Eles se complementavam. Antônio é mais explosivo, já o José era mais moderado.

E a carreira política?

Foi muito bom ele não ter seguido. Com o gênio que tinha, acredito que morreria no meio do processo.

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E o mundo das artes?

Surgiu com a campanha de 1986, quando disputou o governo de São Paulo. Ele achou tudo aquilo um teatro, que o eleitor vota pouco pela razão e que era preciso captá-lo pela emoção. O teatro o virou pelo avesso. Fez com que ele se expandisse, risse, e o humor dele cresceu. Os artistas se aproximaram muito dele.

O senhor se considera o melhor amigo dele?

Precisaria perguntar para ele. Mas, com certeza, Antônio é meu melhor amigo. Tem coisas que só eu consigo falar para ele./THAIS ARBEX

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