EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

From Maastricht

PUBLICIDADE

Por Sonia Racy
Atualização:

Conferir de perto a feira de arte e antiguidades em Maastricht é uma experiência para lá de cultural. Um passeio pelos 30 mil metros quadrados de galerias de arte - todas elas donas de, no mínimo, um Picasso de peso para chamar de seu- fala por si.

PUBLICIDADE

Exemplo? A Hammer Galleries de NY montou um estande com...18 Renoirs. Reflexo pós-Lehman Brothers? Já a Graff, considerada uma das melhores joalherias do mundo, exibiu em um só compartimento dois anéis, uma pulseira, um colar e três brincos de brilhantes puríssimos. Só essas sete peças somavam um total de US$ 100 milhões, segundo contabilizou à coluna um dos seus donos - pedindo sigilo do seu nome.

Por essas e outras, não surpreende o valor do seguro feito pela TEFAF, baseado em nada menos que US$ 2 bilhões.

Mas quem são os compradores? Ainda não são maioria, mas os chineses têm tido atuação crescente nesta e em outras feiras do mundo. O curioso é que viajam até Maastricht para comprar, muitas vezes, obras de... seu próprio país. Além, como se pode apurar, de peças de arte japonesas.

A Fairley informa ter vendido quatro peças a colecionadores chineses, incluindo um pote japonês em madeira de faia ou carvalho, do final do século 19, por cerca de 40 mil euros. Uma "pechincha"em comparação com outros preços da feira. O item mais barato que esta coluna encontrou foi de 10 mil euros: um pequeno desenho em papel de autor atual.

Publicidade

Os galeristas- um total de quase 260- raramente revelam nome de compradores. Falam, algumas vezes, sobre vendas. Consta que um Joan Miró foi vendido horas após a abertura da feira, na quarta-feira da semana passada. Oiseau Lunaire, obra em madeira com 30 cm, datada de 1945, saiu da Landau Fine Art, de Montreal, por 5 milhões de euros.

A Noortman Master Paintings, de Amsterdã, admitiu ter vendido três obras dos chamados "old masters", mestres antigos. Todas holandesas: um Gerrit Berckheyde por algo como 4,5 milhões de euros, um Willem Claesz Heda por 3 milhões de euros, e um van Ruysdael, por 2,5 milhões de euros. Não se sabe se o Rembrandt, peça mais cara da feira, pelo qual se pede US$ 47 milhões, será vendido até o fim do evento, no dia 27.

Pergunta que não quis calar: um colecionador, disposto a comprar obra deste tipo de valor, não teria qualquer galeria a seus pés? Não poderia ver desfilar quadros em sua própria casa? Ben Janssens, dirigente da feira, justifica: "Aqui eles podem ver todas no mesmo local, comparar uma com outra, negociar preço. Mais fácil e prático". Ele próprio galerista, comemorava a venda, no primeiro dia, de uma espécie de caixa de incenso com embutidos de madrepérola das ilhas de Ryukyu, por um valor superior a 100 mil euros.

O fato é que no final do fim de semana da feira, os visitantes ultrapassavam a marca de 30 mil pessoas. Que Líbia que nada... Foram registrados 123 pousos de aviões particulares no aeroporto da cidade.

Sonia Racy viajou para Maastricht a convite da organização da TEFAF.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.