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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Flávia Piovesan 'abre o leque' na luta por direitos

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Por Sonia Racy
Atualização:

Eleita representante do Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a paulistana Flávia Piovesan ainda não se mudou para Washington mas já está com a mão na massa. Recentemente viajou a Frankfurt, onde participou de um encontro no Max Planck Institute sobre sistemas regionais de direitos humanos. Depois, participou de uma agenda da própria CIDH nos EUA.

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Enquanto "corre atrás' de uma casa onde morar e de uma escola para as crianças na capital americana, a ex-secretária nacional dos Direitos Humanos de Temer achou tempo para rever e atualizar três livros sobre sua área - um deles na 17.ª edição - que serão relançados pela editora Saraiva.

"Nem defini a data para mudar", disse à coluna, "mas a cabeça já está nas rotinas da nova tarefa". De que rotinas ela fala? A primeira, definir seu papel em um dos três eixos da instituição - a proteção de pessoas ameaçadas, as relatorias temáticas e as relatorias por países. Seu destino provável - a ser confirmado na distribuição de relatorias, que acontece em fevereiro - é ficar com a Colômbia. Leia-se: tornar-se a relatora dos assuntos desse país e cuidar da herança das Farc.

A missão seguinte é prática. "Trata-se de ajudar os ex-militantes da antiga guerrilha a se encaixarem na sociedade, a superar seu deslocamento, orientá-los nas negociações jurídicas para tornar sua longa vida na selva um passado a ser esquecido", resume a ex-secretária do governo Temer.

É preciso deixar clara a diferença entre a tarefa da comissão e a das instituições políticas e diplomáticas. "Não cuidamos de assuntos de governo, ou dos de natureza policial. A nossa missão é proteger pessoas, servir como um pronto-socorro para quem, muitas vezes, está em perigo de vida." A função da CIDH, insiste a nova integrante, "é salvar vidas, contribuir para tirar do mapa os regimes ditatoriais, fortalecer por todo lado o Estado de Direito".

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Flávia quer "carregar" para dentro dessa operação as universidades - um aprendizado recente que a deixou entusiasmada. "Já fizemos isso no Brasil, entre a Secretaria Especial dos Direitos Humanos e universidades de alguns Estados. Queremos ampliar essa experiência, convocar esses estudiosos, colocar a pesquisa e os dados a serviço de soluções para os desequilíbrios regionais. E produzir assim um impacto em toda a região."

Não é fácil, e não é pouco o trabalho. "Estamos lidando com a região mais desigual e mais violenta do planeta", resume a nova integrante da comissão. E, entre os conflitos do continente, os vividos por Venezuela, México e Honduras são os mais urgentes. Quanto à Venezuela, que define como "um país na UTI", a representante brasileira acha "lamentável" a ideia, sugerida dias atrás, de intervenção externa. "Isso traria o colapso de vez. É preciso achar sempre um caminho para o diálogo."/ GABRIEL MANZANO

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