Eduardo Suplicy justificou-se depois das críticas que recebeu por sua participação na palestra dada no sábado, em SP, por Angela Davis. O vereador afirmou à coluna que não interrompeu a americana, mas pediu desculpas por ter se empolgado em sua resposta, ao explicar para Angela como estava a situação do projeto de Renda Básica de Cidadania no Brasil e no mundo.
O vereador foi acusado nas redes sociais de ter interrompido a palestrante e ter tomado um longo tempo do período destinado à perguntas da plateia.
"É fato que exagerei um pouco, mas estava entusiasmado. A Angela me perguntou se a lei da renda básica já havia sido criada e eu respondi que sim, que só faltava a implementação. Depois comecei a falar sobre os lugares onde já estava sendo implementado, como algumas aldeias do Quênia, e pioneiramente Maricá, no Rio. Foi um diálogo de dez minutos, mas foi um complemento à pergunta dela. Não houve interrupção..."
Suplicy chegou a mandar um e-mail para a socióloga agradecendo pela resposta dada por ela na ocasião e se declarando admirador de seu "discurso, coragem e assertividade" desde a época em que fazia seu PhD na Universidade de Stanford, no anos 1970.
"Quando eu cheguei lá no Sesc, onde foi realizada a palestra, me aplaudiram, quando eu fiz a pergunta me aplaudiram, quando eu a abracei, no fim da palestra, também me aplaudiram... Inclusive a Angela perguntou quem era a favor da renda básica de cidadania e quase toda a plateia levantou a mão."
Criticado por trazer novamente o tema de seu projeto, ele respondeu que a implementação da Renda Básica de Cidadania é seu projeto de vida. A propósito, citou uma fábula chinesa contada por Mao Tsé-Tung quatro anos antes da Revolução Chinesa como comparação.
"Yukong queria remover duas montanhas que o atrapalhavam e todo dia pegava uma picareta para removê-las. Falavam que ele não ia conseguir, mas ele disse que se ele não conseguisse seus filhos e os filhos de seus filhos continuariam com esse trabalho. Ele continuou, inabalável, até que os céus se comoveram e enviaram dois anjos para carregarem as montanhas nas costas." (MARCELA PAES)