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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

'Estamos nas ruas desde 1984'

Por Sonia Racy
Atualização:

 Foto: Ayrton Vignola/Estadão

Fafá de Belém foi convidada a cantar o Hino Nacional, domingo, em um carro de som na Avenida Paulista, na abertura da manifestação contra a presidente Dilma. Mas a cantora, voz das Diretas Já, recusou. Ela embarca hoje para uma turnê em Portugal e avisa que, mesmo que estivesse no Brasil, não aceitaria o convite. "Carro de som não é o lugar. Ou você está no chão ou está de fora, observando."

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O que não quer dizer que Fafá - que fez campanha para Aécio na eleição de 2014 - seja contra o movimento. Pelo contrário: "Estamos nas ruas desde 1984 tentando acabar com a corrupção, pedindo que esse verme, esse vírus maldito, seja eliminado. E não é um movimento contra Dilma ou contra esse ou aquele partido, é contra os desmandos da política". E foi adiante: "Agora, são os filhos das Diretas, reivindicando tudo aquilo que lá Atrás prometemos a eles. Onde está a educação, o transporte, a saúde? Não podemos esquecer que a caminhada democrática é delicada, longa e diária".

Para a cantora, a manifestação não deve ser personalizada. "Se gritam 'Fora, Dilma', é porque é ela quem está à frente do País. Mas poderia ser 'Fora, Collor'; 'Fora, FHC'; 'Fora, Sarney'. O que estamos pedindo é que se acabe com essa barbárie, com a banalização dessa roubalheira. Não podemos aceitar como resposta que a corrupção faz parte dos brasileiros".

Ela também rechaça as afirmações de dirigentes do PT de que os movimentos contra a presidente sejam "da burguesia e da classe média alta". "Quem está na rua não é a elite, é o povo. Rico, pobre, intermediário", afirma. "O panelaço de domingo me fez lembrar, com muita emoção, os dias que antecederam a votação da emenda das Diretas no Congresso. Lembrei daquela música do Chico Buarque (e emenda com os versos de Pelas Tabelas): 'A cidade de noite batendo as panelas/Eu pensei que era ela voltando pra mim'. Foi emocionante ver a sinfonia popular em SP."

Defende o impeachment? "É delicado falar em impeachment, porque não há liderança nesse movimento. Eu, por exemplo, recebi convites de vários grupos, dos coxinhas, hambúrgueres (risos), da esquerda radical, de velhos companheiros de Diretas. Todo mundo vai." /THAIS ARBEX

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