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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Escolas de samba continuam a produção dos desfiles no Anhembi em meio a incertezas

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Por Marcela Paes
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"Se jogos de futebol estão com torcida liberada até agora, tivemos Fórmula 1 com público e um monte de outros eventos, não tem sentido não ter o desfile", diz Marco Bianchini, da diretoria da Escola de Samba Morro de Casa Verde. Bianchini vem acompanhando de perto - assim como outros milhares de entusiastas do carnaval - os desdobramentos de uma situação que parecia controlada até o aparecimento da variante ômicron. Dezenas de cidades do País já cancelaram festas de réveillon e algumas já adiantam que não pretendem seguir com o carnaval, seja no sambódromo ou nas ruas.

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Mesmo assim, a produção de fantasias, adereços, carros alegóricos e a realização de ensaios continua na maioria das escolas de samba de São Paulo. Na X-9 Paulistana, já foram produzidas 60% das fantasias e adereços de 10 alas. Ao total, saem 14. Toda parte de serralheria dos carros alegóricos também já está finalizada.

"Se for cancelado, a gente embala tudo e espera o ano que vem. Com o mesmo enredo, tudo igual. Quem pagou a fantasia, já tem para 2022", diz Ednaldo Santos, um dos diretores da agremiação, que no ano que vem está no grupo de acesso.

Longe de nadar em um mar de confete e serpentina, a escola lida com uma dificuldade mais latente: trazer gente para os ensaios. "Muitos estão com medo de vir, ficar em um lugar fechado. Isso está acontecendo mesmo". Para driblar o problema, a X-9 trouxe os ensaios para a rua, na tentativa de oferecer mais segurança aos foliões. Quando são feitos dentro da quadra, têm capacidade reduzida "respeitando todos os protocolos", explica Santos.

Enredo

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Nas escolas ouvidas pela reportagem, é exigido o passaporte da vacina de qualquer pessoa que queira comprar uma fantasia e desfilar. A Rosas de Ouro foi além e tem como enredo de 2022 rituais de cura. Vitor Lebor, um dos diretores da escola, adianta que a agremiação vai finalizar seu desfile no Anhembi com um carro que representa a ciência e, por consequência, as vacinas.

"Não é difícil fazer o controle de quem desfila e de quem assiste exigindo o passaporte de vacina, se tudo continuar como está. Perdi parentes para a covid e não apoiaria algo que julgasse errado neste sentido", diz Lebor.

"Se a situação ficar ruim acho que tem que cancelar mesmo, saúde acima de tudo. Mas não só os desfiles. Às vezes as pessoas têm uma visão marginalizada do carnaval, de bebida, algazarra. Isso não representa a realidade. Tem um aspecto cultural enorme envolvido", diz Bianchini.

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