EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Entre SP e Rio

PUBLICIDADE

Por Sonia Racy
Atualização:
 

Marina Silva tem medo de avião - qualquer avião, mesmo de carreira. Entrou no jato usado por Eduardo Campos seis vezes. Mas seu semblante, sábado, antes de embarcar no voo da TAM das 11 horas, de São Paulo para o Rio, era de tranquilidade. Mesmo porque tamanho era o assédio no Aeroporto de Congonhas que ela nem teve tempo de pensar nos 40 minutos que iria enfrentar. Acompanhada do vice Beto Albuquerque, teve dificuldade até para caminhar pela sala de embarque. A cada minuto, pedidos de selfies e perguntas sobre suas propostas. Abordada por esta colunista - que, por acaso, estava no mesmo voo -, a ex-ministra não quis falar sobre nenhum ponto do programa de governo lançado na véspera. "Já foi tudo explicado." E reiterou ter havido erro de edição na polêmica sobre casamento gay e criminalização da homofobia. Aceitou, entretanto, conversar sobre cuidados de saúde, rotina alimentar e família.

PUBLICIDADE

Como cuidar da saúde e da aparência nessa maratona? Minha saúde, graças a Deus, está muito boa. Sempre tento cuidar bem da alimentação por causa das alergias - já temos uma 'tecnologia' de mais de 24 anos de como fazer isso. (risos) Quando viajo, procuro levar frutas e, onde chego, já está tudo articulado. Mesmo que vá para um hotel, existem pessoas que cuidam disso para mim.

A alergia a maquiagem passou? Estou vendo que a senhora está maquiada. Mas isso eu já conseguia com determinado produtos que me causam bem menos alergia (a candidata costuma usar uma linha especial da empresa de maquiagem canadense MAC). Só não posso usar nada nos lábios, então faço uma compensação com beterraba. Não encontrei nenhum batom que eu possa usar sem que tenha alergia.

O que fez para que o baque da morte de Eduardo Campos não afetasse a sua saúde? Meditação? Orações? Eu acho que temos que viver o luto. Quando sofremos uma perda como essa, é uma dupla perda: no plano pessoal, após uma convivência intensa, de dez meses, e de uma liderança política, com quem já tinha uma relação política. Afinal, fomos colegas - os dois ministros, ele deputado e eu senadora...

Mantém conversas com a Renata, com a família dele? Nos encontramos e trocamos telefonemas algumas vezes, mas tenho procurado ser respeitosa. A família nos deu uma segurança muito grande. A comoção foi forte, e o fato de as coisas terem acontecido de forma harmoniosa e tranquila na última homenagem a Eduardo Campos se deveu à atitude da família. Era uma família inteiramente integrada a ele, tanto do ponto de vista afetivo quanto do ponto de vista político. Isso fez toda a diferença. A atitude, a coragem dos filhos, da Renata. A gente achava que ia confortá-los e eles nos confortavam.

Publicidade

Em caso de vitória, pensa em convidar a Renata para fazer parte do seu governo? Aí já estamos extrapolando. Tenho uma atitude de respeito com Renata, ela é uma liderança política, não era só a mulher de Eduardo Campos, colaborava muito com ele - que, por sua vez, tinha muito respeito pelas ideias dela. É uma pessoa muito competente, um quadro do PSB, importante não só para o partido, como para todos nós. Renata é uma mulher corajosa, sábia e, sobretudo, comprometida com a transformação do Brasil.

E a sua família, está tendo tempo para ver? Eles vão se revezando, na medida do possível. Minha filha estuda, meus filhos todos trabalham. Minha família sempre foi muito discreta. Minha filha mais nova tem 23 anos e a mais velha vai fazer 33. Nasceram comigo na atividade política e são todos muito zelosos da sua própria identidade, do seu próprio espaço.

Seu marido se desligou do governo do Acre. Ele tem papel na campanha? Aí a conversa já não seria sobre as questões que nós combinamos...

A senhora pensa em chamar alguém para ajudá-la com seu visual? Acha isso importante? As pessoas do estúdio tentam me ajudar, mas eu que escolho as peças que visto. Tenho uma identidade visual. Como sou costureira, gosto de escolher as minhas coisas. (risos) Aprendi a costurar quando era criança, trabalhei durante muito tempo como figurinista num grupo de teatro amador no meu estado quando era jovem. Gosto de fazer essas coisas, mantendo meu estilo, minhas características. Mas existem pessoas que me ajudam, claro. Não tenho tempo de entrar numa loja.

A senhora vai continuar andando de avião de carreira até o fim da campanha? Já tive uma dificuldade muito grande de andar de avião - em 2010 era um sacrifício. Tenho muito medo de avião por causa de dois traumas que passei na Amazônia, foram situações extremas. Em 2010, fui obrigada, em alguns momentos, a fazer deslocamentos, a maior em avião de carreira. Agora, abri uma exceção: acompanhei o Eduardo em torno de seis vezes no jato que ele usava durante a campanha.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.