
O fotógrafo João Farkas já se incluiu em grupo de pessoas que idealizava bairros com grandes espaços verdes e pouco adensamento. Mas isso foi antes de começar o projeto do filme São Paulo - Uma Cidade Segregada, feito nessa pandemia e com estreia marcada para amanhã.
Durante as filmagens do longa - realizadas entre os meses de julho e setembro -, Farkas realizou inúmeras entrevistas sobre a questão central de seu filme: como resolver o problema dos longos deslocamentos e tornar SP uma cidade mais sustentável e acessível? "É normal que a gente ache um bairro com menos concreto, melhor.
Mas a consequência disso pesa bastante para população que vive afastada do centro e para o meio ambiente', explica.
Segundo ele, a situação é bem complexa e envolve muito mais que urbanismo. Os aspectos sociopolíticos também tem que ser levados em consideração. "Mas, se eu fosse dizer uma coisa, é que a cidade precisa se adensar mais. É desumano ver o paulistano mais carente passar três horas ou mais no trânsito para chegar ao trabalho", explica.
Um dos aspectos da metrópole que mais impressionou o fotógrafo foi a situação dos loteamentos ilegais à beira de mananciais, como o da represa Guarapiranga. João e sua equipe visitaram algumas áreas com o vereador Gilberto Natalini, que é autor de dossiê sobre o desmatamento na Grande São Paulo.
Conta Farkas que "antes mesmo de nós chegarmos perto, os caras já estavam avisados e fechavam tudo. Teve carro com gente armada impedindo aproximação. Esse sistema ilegal é muito bem feito. E é uma grande agressão à natureza", diz./MARCELA PAES