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'É muito risco', diz Margareth Dalcolmo sobre realização de festas de Ano Novo e carnaval

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Por Marcela Paes
Atualização:

Margareth Dalcolmo. Foto: arquivo pessoal

"Como um personagem do Almodóvar. À beira de um ataque de nervos", brinca Margareth Dalcolmo ao responder como está, no início da entrevista à coluna. Não é para menos. Durante a pandemia, a médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz acumulou funções e ainda teve tempo de reunir os textos de sua coluna no jornal O Globo, em um livro, Um Tempo Para Não Esquecer, lançado este mês. Cautelosa mas relativamente tranquila em relação ao surgimento da Ômicron, Margareth é contra a realização de festas de Ano Novo ou de carnaval. "É muito risco". Leia abaixo a entrevista.

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Como foi ter a disciplina de escrever em meio à pandemia? Sempre tive essa vida bígama entre a medicina e a literatura. Sempre escrevi, não só artigos científicos, como algumas reflexões minhas mesmo. Como eu escrevi textos semanais para o jornal mas lá tinha limitação de espaço, no livro estão os textos originais. São reflexões sem corte sobre o que nos aconteceu.

A senhora teve algum momento de cansaço com as notícias, com o que acompanhava de perto na Fiocruz? Ah sim, tive vários momentos. Agora, inclusive. Todos nós, médicos, estamos num momento de profundo cansaço. São muitas demandas de diversas naturezas. Eu, além de assistir pacientes, conduzi pesquisas da vacina e agora estou começando um outro ensaio clínico. Também tive que entregar capítulos de livros, não só para esse que estou lançando, mas para outros também. Mas tenho prazer em passar informação. Acho que descobri um talento novo, que é transmitir conhecimento científico de uma forma palatável.

Como foi a recepção das pessoas aos seus textos? Fico muito comovida cada vez que alguém me aborda na rua para me perguntar coisas. Não tem nada que pague isso em termos de retribuição pessoal. As pessoas trazem casos de família, sobre mãe, pai. Eu jamais me recusei a responder, mesmo quando é uma pergunta que parece boba, simples. A covid-19 foi uma experiência muito nova para muitos de nós que nunca souberam o que é viver com esse medo durante tanto tempo.

Há preocupação com a nova variante, a Ômicron. Como avalia?

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Sem dúvida podemos ter um pequeno retrocesso Mas isso estou dizendo hoje. Em se tratando de doença nova multiplicada por variantes novas, pode ser que daqui a 72 horas eu lhe diga outra coisa. Nosso conhecimento que é muito dinâmico. A Ômicron parece ser mais transmissível, mas não mais letal que outros. Pode gerar muitos casos. Mas medidas como cancelar voos não me parecem as melhores. O mais adequado é fazer controle sanitário.

A realização de festa de carnaval e do Ano Novo está sendo questionada. Qual a sua opinião?

Não é seguro fazer. Nós vamos assumir um risco que não está perfeitamente calculado. A meu juízo, essas festas grandes deveriam ser adiadas, como algumas cidades sabiamente já estão fazendo e eu estou de acordo. É muito risco.

 

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