Para André Esteves, do BTG Pactual, o empresariado brasileiro não tem motivo para não manter o otimismo em relação ao País. Entretanto, segundo o executivo, que participou do Fórum de Empreendedores do Lide - fim de semana, no interior de SP -, o momento exige atenção. "Acho até que o governo vai fazer algum movimento econômico na direção certa, mas virou um jargão meu dentro da empresa, "too little, too late". As ações virão um tanto tarde e serão poucas. A seguir, algumas ponderações do banqueiro.
"Vejo um governo 'mais do mesmo'. Não vejo nenhum risco significativo de virarmos uma Argentina ou de um governo bolivariano."
"Existe algum motivo para apreensão se a gente olhar para as variáveis econômicas. O déficit primário e o lado fiscal pioraram."
"Nosso potencial de crescimento está reduzido, o que é mais grave do que um cenário de pouco crescimento, mas com grande potencial de crescimento".
"A confiança caiu muito e, em economias complexas e modernas, como é o caso da brasileira, a gente precisa recuperar a confiança de investir - para o crescimento voltar. Se nós, aqui do mundo empresarial, não acreditarmos nas oportunidades, não vamos investir."
"Os problemas criados podem ser resolvidos. O bom da confiança é que ela se resolve mais rápido - obviamente, se você guiar a economia para a direção correta. Não adianta apenas mexer na economia; se não houver confiança, não vai funcionar. Há 20 anos nós tínhamos uma hiperinflação - que era um desafio muito maior do que o atual e foi resolvido."
"Essa pressão inflacionária não tem muito segredo. Nós expandimos o crédito no limite, expandimos o gasto fiscal e subimos o salário acima da produtividade. Em um certo sentido, a inflação acaba tomando o que nós demos indevidamente."
"Sobre essa história de que o gasto público é muito crítico no Brasil e que não pode ser cortado: nós gastamos cerca de R$ 30 bilhões por ano no Brasil com seguro-desemprego, e o crescimento ficou perto de dois dígitos nos últimos dez anos. Coincidentemente, estamos no momento de menor desemprego no Brasil. Tem alguma coisa errada."
"O pagamento de pensões custa R$ 90 bilhões por ano e, em certas carreiras públicas, tem-se direito a pensão da viúva. Em determinadas carreiras, se o sujeito trabalhar um mês e falecer, a viúva recebe pensão por 45 anos. Então, obviamente que nós temos gordura para cortar. O gasto fiscal é maior do que deveria ser em qualquer parâmetro."
"Precisamos avançar na nossa produtividade. Esse é o grande tema econômico para o próximo governo."