Aos 30 anos, Daniel José, deputado estadual eleito pelo Novo, já acumula certa bagagem de vida. Nascido em família humilde, trabalhou no mercado financeiro, foi voluntário no Oriente Médio e estudou em Yale. Um dos focos de seu mandato será educação. Nesta conversa com a coluna, ele faz um balanço do clima político e avisa: "Aprendi que as democracias acabam e que não podemos tratar a nossa como algo que não enfraquece".
Você se formou em economia e viajou pelo exterior. Pode falar dessa trajetória? Nasci em Bragança Paulista, meu pai trabalhou a vida inteira como auxiliar de serviços e minha mãe como diarista. Eles cobraram que eu estudasse, me formei em economia no Insper, com bolsa de estudos. Trabalhei no JP Morgan e no Velt Partners e, depois de alguns anos, decidi criar algum impacto na vida das pessoas. Fui até a Jordânia ajudar refugiados do Iraque e da Síria - onde fiquei por um ano.
O que aprendeu por lá? Aprendi que as democracias acabam e que não podemos tratar a nossa como algo que não enfraquece. Temos de cuidar dela. Também foi lá que vi a importância prática da liberdade e entendi que a política pode ser uma forma de serviço.
E depois? Ganhei uma bolsa em Yale e fui para os EUA. Recebi uma formação fantástica, tive aulas com Henry Kissinger. Fui colega do neto do John Kennedy e foi aí que caiu a ficha de como educação é importante: o avô dele era presidente dos EUA e o meu morava na zona rural de Bragança, sem esgoto, sem nada. E duas gerações depois a gente está em condições de igualdade. Esse é o poder da educação.
Então foi trabalhar na área? Sim, decidi voltar ao Brasil e, a convite do Mateus Bandeira, candidato do Novo ao governo do RS, ajudei a dar o pontapé inicial numa empresa que presta consultoria a secretarias estaduais de educação e ensina técnicas de gerenciamento a órgãos públicos. Algumas são simples: acompanhar faltas acontecendo em tempo real, saber quantos professores estão sem carga horária, entender a diferença dos valores dos aluguéis das escolas...
Você tem uma proposta sobre mensalidade nas universidades estaduais paulistas, não? As estaduais paulistas - USP, Unicamp e Unesp - são mantidas por ICMS, que é um dos impostos mais regressivos que há. Ele incide sobre consumo e a carga tributária pesa mais para quem tem renda baixa. Mas 75% dos seus alunos vieram de escolas particulares. Não faz sentido a sociedade gastar R$ 5.500 por mês para um aluno que pode pagar.
O que propõe? Quem tem R$ 5.000 ou mais de renda familiar per capita pagaria mensalidade integral. Abaixo disso, bolsas progressivas para os alunos. E quem tiver renda até R$ 1.500 recebe bolsa integral. Não banca os custos, mas é um ponto inicial para pensar em como lidar com educação. /PAULA REVERBEL
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