A curadora de arte de origem turca, Adelina von Fürstenberg , uma das principais da atualidade, prepara sua sétima exposição no Brasil. A mostra Água - que abre na quarta feira com obras de 23 artistas do mundo inteiro - propõe temas do meio ambiente, ecossistemas, mudanças climáticas e preservação. "Talvez as pessoas possam compreender os problemas melhor pelos olhos da arte", sugere Adelina, ganhadora do Leão de Ouro na 56ª Bienal de Veneza, em 2015, pelo pavilhão da Armênia.
A exibição foca na responsabilidade das pessoas diante da questão da água? A água é um dos quatro elementos e hoje está em risco devido a problemas ambientais, mudanças climáticas e tudo mais. A ideia (da exposição) é que artistas possam falar sobre suas experiências com a água para gerar consciência e dialogar sobre esse tema de uma maneira mais poética menos burocrática do que na abordagem política, por exemplo.
Por que abordar esse tema em uma exposição? Talvez as pessoas possam compreender os problemas melhor pelos olhos da arte. É um jeito poético de falar sobre o assunto, toca todas as pessoas. E, como temos artistas muito importantes tratando do tema, passa a ser interessante também como produto artístico, não só como questão social.
Você fundou organizações sem fins lucrativos que têm foco nos direitos humanos e se opõe ao autoritarismo. Como vê a polarização no mundo hoje? As coisas estão bem difíceis atualmente, especialmente na Europa. A questão dos direitos humanos é foco da ONG ART for The World (Arte para o mundo), que fundei há 22 anos para tratar dessas questões, como liberdade de circulação, etc. O mundo passou a ser um lugar mais complicado para tratar desses direitos. Por isso, é mais importante abordar isso agora do que era há vinte anos, quando havia muita esperança e todos imaginavam que o mundo mudaria para melhor. No século XXI, as coisas estão mais complicadas, então é mais importante se agarrar a esses valores dos direitos humanos.
Ao longo de sua carreira, você procurou fazer com que a arte fosse pertinente para a vida das pessoas. Isso inclui conscientizar o público de questões sociais? A arte sempre foi muito ligada a essas questões. É natural chegar a esse tipo de resultado, como uma exibição sobre a água. A arte sempre se relacionou com as preocupações do espectador. O Picasso, quando pintou Guernica, produziu uma obra-prima ao mesmo tempo em que tratou da Guerra Civil Espanhola. Na nossa exposição, nós estamos denunciando os problemas relacionados à água potável, poluição, desmatamento e assim por diante. É o mesmo espírito. /PAULA REVERBEL
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