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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

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Por Sonia Racy
Atualização:

 Foto: Iara Morselli/Estadão

Em seus primeiros dias pelo Brasil, Nigella Lawson jantou no Pobre Juan; entretanto, a cozinheira britânica e apresentadora de TV deixou claro, em entrevista à coluna, que gostaria, mesmo, de conhecer a culinária local na casa de um brasileiro comum. Para ela, a comida de verdade "se faz em casa", e a moda gastronômica é "teatro" dos chefs. A seguir, trechos da conversa.

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O Brasil vive uma moda gastronômica, de chefs e restaurantes caros. Você nunca quis ser chamada de chef. O que pensa disso?

Não participo desse mundo. Deixo os chefs se exibirem, e os restaurantes cobrarem alto. A realidade é que eu jamais poderia fazer isso. O que eles fazem é teatro. Comida de verdade é o que acontece na cozinha das pessoas comuns. Para mim, isso está acima de tudo. Fico brava quando as pessoas falam para mim "sou só cozinheira". Digo: "Não é só. É o verdadeiro legado da culinária."

Mas vai a restaurantes?

Sim, adoro jantar fora, mas não pela comida e mais pelo passeio. A dificuldade dos restaurantes é que, se cobram muito, têm de oferecer alguma coisa diferente. E o diferente nem sempre é bom. Se dois ingredientes nunca foram combinados é porque há uma razão para isso. Por exemplo, não quero baunilha no meu purê de batatas, no peixe ou em uma lagosta.

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Você tem alguma obsessão na cozinha?

Sim, claro! Minha vida é uma obsessão. Já tive muitas fases: a da geleia, a da torta. Faço muitas. E amo isso. Na verdade, alimentamos os outros, mas a obsessão nos alimenta. E outra coisa que eu tenho é que não jogo comida fora. Então, muitas vezes, invento pratos megalomaníacos só para não desperdiçar duas bananas (risos). Minha família até tira sarro de mim.

Para você, culinária está sempre associada ao prazer?

Sim, mas também é um meio de as pessoas se comunicarem. Todo mundo tem uma relação pessoal envolvendo comida.

Você é sempre definida como uma cozinheira sedutora. Concorda com isso? Culinária é mesmo sedução?

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Sempre achei interessante essa definição, mas ela não é real. Os homens acham que as mulheres estão tentando ser sedutoras. A verdade é que, durante o programa que apresento (no Brasil, no canal GNT), estou concentrada na comida. E os homens acham que estou falando com eles, mas não estou (risos).

Você foi crítica literária do The Sunday Times. Está lendo algo no momento?

Sim. A biografia da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, escrita por Charles Moore, que foi meu chefe. /MARILIA NEUSTEIN

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