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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

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Por Sonia Racy
Atualização:

 Foto: Vicente de Paulo

Sempre a mil por hora, Maitê Proença está lançando livro novo - É Duro Ser Cabra na Etiópia, terça, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio - e vem a SP em junho, com a peça À Beira do Abismo me Cresceram Asas(no Teatro Faap), que escreveu, dirigiu e na qual "teve de atuar".Aos 55 anos, e linda, a atriz adora um bom desafio.

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De onde você tirou o título - hilário - do livro?

De uma conversa em que eu e meu irmão especulávamos sobre as origens do café. Ele contou que um pastor de ovelhas, no norte da África, teria percebido suas cabras mais espertas ao ingerirem uns grãos vermelhos e, por isso, aguardava a sobra da digestão dos frutos, colhia e cozinhava para sentir o mesmo efeito no próprio corpo. E eu (com pena dos bichos, que não tinham paz nem para atividades primordiais) soltei a frase "é duro ser cabra na Etiópia".

Como surgiu a ideia de um livro colaborativo como esse?

Um livro com esse título só faria sentido se eu também me impusesse, como condição, trabalhar com um material surpresa. Então, criei um site para a recepção de textos e imagens de autores desconhecidos. Para ser coerente, eu teria de "costurá-los" de forma inusitada e cômica. É um livro que segue uma coerência conceitual.

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Quantas histórias você descartou na hora da edição? Dá para uma segunda edição?

Recebi uns 2.000 textos, li todos e selecionei os 170 que estão no livro. A maior parte não entrou porque não era suficientemente instigante, ardilosa, bonita, engraçada ou bem escrita. Para fazer um novo livro eu abriria de novo as porteiras do site, mas isso é o futuro.

Além do livro, você estreia peça que escreveu, dirige e em que atua. Qual o tamanho do desafio?

Eu não ia atuar, mas foi a única maneira de conseguir patrocínio. Havia chamado a Clarice Niskier para fazer a outra atriz, mas ela não podia, porque ainda encena A Alma Imoral. Aí, chamei outra Clarisse, a Derzié Luz, minha colega querida, que trabalhou nas duas peças que já escrevi. Aliás, o texto foi algo que só terminou na estreia, quando surgi com todo um bife novo e esqueci de avisar a Derzié de que eu ia soltar aquilo de improviso. Deu certo e, se bobear, ainda invento uns reparos. Autor vivo, assistindo de cima do palco, dá nisso.

Você interpreta uma senhora de 86 anos. Como se preparou?

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Ela surgiu junto com a compreensão do personagem, da função dela na peça. Não há caricatura, porque ninguém aguenta uma velha de mentirinha, com voz falha e corpo curvado. Seria indigno. Nossas velhas têm 10 anos, e 16, e 30, e 50, e 80, são todas as mulheres com autoridade para falar e contar histórias de um ponto de vista de quem já viveu de tudo. Têm graça e peso. E nada de trejeitos desnecessários.

Como encara a idade?

Vou levando à medida que ela vem chegando. Escrevendo, por exemplo. Está tudo ali.

A personagem guarda um segredo. E você?

Eu? Muitos. Bem guardados! /DANIEL JAPIASSU

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