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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Agente da PF se prepara para escrever livro sobre Lula na prisão em Curitiba

Por Sonia Racy
Atualização:

POLICIAL FEDERAL JORGE CHASTALO. CRÉDITO: CAO FERREIRA/DIVULGAÇÃO  

Responsável pela segurança de Lula enquanto o ex-presidente esteve preso, na carceragem da PF em Curitiba, o agente federal Jorge Chastalo, 46 anos, está se preparando para escrever um livro sobre esse período, " pela relevância histórica". Na cobertura da Operação Lava Jato, ele ficou conhecido como 'Rodrigo Hilbert da PF'. "Sou muito tímido", diz o policial, que estreou este mês no Instagram. "Sou avesso a redes sociais, mas começaram a criar perfis falsos. Aproveito para dizer que só tenho Instagram". A foto de estreia foi com o filósofo Noam Chomsky, que visitou Lula na prisão. Chastalo conversou de Curitiba, por telefone, com a repórter Cecília Ramos.

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Começou a escrever? Não. Me aconselharam a começar um rascunho. Desde que o Padura (o escritor cubano Leonardo Padura, que visitou Lula na prisão) falou que eu devia escrever, penso nisso. Às vezes durmo pensando como eu escreveria... As pessoas me falam que tenho obrigação de escrever. Eu tinha ali na minha frente o maior líder de esquerda, mundialmente conhecido... Não podem me condenar por querer escrever e por ter extraído o máximo da convivência com ele. Eu comandava a carceragem da PF e de repente chega ali um ex-presidente. Foi 1 ano e 7 meses de convívio intenso. Estavam ali Palocci, Renato Duque, Leo Pinheiro...

E o que impediria? Tenho uma questão moral. Sou agente da PF, tenho respeito pela polícia, onde estou há 19 anos. Não quero macular isso. Não faria por dinheiro, mas por relevância histórica.

Já consultou a Polícia Federal? Teme alguma punição? Sei que seriam contrários. Não quero que pareça que estou me aproveitando. Isso me incomoda. Por outro lado, tem um interesse histórico. E se a Polícia punisse, seria incoerente. O japonês da federal (o agente Newton Ishii) lançou um livro (O Carcereiro, escrito pelo jornalista Luís Humberto Carrijó).

O que Lula acha da ideia do livro? Vocês ainda se falam? Perdi a oportunidade de perguntar a ele lá na carceragem. E não tenho mais contato. Algumas pessoas da esquerda me procuraram...

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Quem? Prefiro não falar.

O que dizem as editoras? Tenho boas propostas de três editoras. Uma está evoluindo. Gostei porque se interessaram em publicar primeiro um livro meu sobre liderança. Acho que para colocar meu nome em evidência.

O que está lendo? Biografias. Li a do Mandela. Estou aprendendo como se escreve. Li o livro do Walter Nunes, que tem um capítulo 'Chastalo'. (do livro A Elite na Cadeia). Também me falaram de Tormenta (de Thaís Oyama, sobre o Governo Bolsonaro), que quero ler. Não quero fazer nada amador.

Pode adiantar algo? Conversava com o Lula sobre política, família. Falamos do processo contra ele e até sobre Mercosul. Ele é muito divertido, uma figura! Não ficou depressivo, o que era uma preocupação. Vivi ali com ele a morte do irmão dele, do neto (foi Chastalo que comunicou a Lula a morte de Arthur), a campanha do Haddad. Ouvia a elite da esquerda conversar. São muito inteligentes. Era meu papel e fui profissional.

O que acha do seu conterrâneo, o ministro Moro? É uma pergunta difícil. Admirava muito o Dr. Moro, que já trabalhei antes da Lava Jato. Agora responder se ele foi certo ou não com Lula é complicado. O que eu falar, só vou apanhar(risos). Torço que ele faça um excelente trabalho onde quer que esteja.

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