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'A gente ama as vilãs porque se vê um pouco nelas', diz Cláudia Raia sobre os 70 anos da novela

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Por Redação
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Cláudia Raia. Foto: Estevam Avellar/Globo

Amanhã, quando vai ao ar um especial sobre o aniversário de 70 anos da novela no Brasil, Claudia Raia é um dos destaques da atração que será exibida na Globo na parte que vai relembrar as vilãs que fizeram sucesso. "A gente ama as vilãs porque se vê um pouco espelhada nelas", afirmou a atriz à repórter Paula Bonelli.

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Aos 54 anos, Cláudia hoje percebe que sempre teve intuição. A também bailarina e produtora, que ajudou a consagrar no teatro o musical brasileiro, diz que optou por não pôr silicone nos seios e caprichou no filtro solar quando a sua geração fazia o contrário. A seguir, os principais trechos da conversa.

Entre tantos papéis que viveu, por que a personagem Lívia Marine, da novela Salve Jorge, ganhou destaque no especial da Globo?

Ela é uma vilã muito especial, com a característica da crueldade, de matar as pessoas por injeção, por uma agulhada. A história era fascinante e baseada em fatos reais. Quando fui fazer o personagem tive o desprazer de encontrar mães que perderam suas filhas dessa maneira, por uma Lívia Marine da vida - uma mulher linda, rica, elegante, mas assassina em potencial, e responsável pelo tráfico humano.

A gente ama as vilãs de novelas. Existe explicação?

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A gente ama as vilãs porque se vê um pouco espelhada nelas. Todo mundo tem o seu lado B, ninguém é totalmente bom e nem totalmente mal. E tem um fascínio por ser a personagem que movimenta a história, que fica em evidência o tempo todo e comanda a estratégia emocional e dramatúrgica.

As reprises das novelas da Globo no canal Viva fazem sucesso. A que atribui isso?

As pessoas estão, de fato, com saudade dessas novelas. Elas remetem a momentos da vida do telespectador, momentos felizes, vividos em família. Trazem memórias do passado, lembrando como aquele personagem e aquela história bateram nelas lá trás.

Vai voltar a fazer novela?

Eu estou escalada para fazer uma minissérie em 2022, da qual eu não posso falar muito ainda, da autora Manuela Dias.

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Você se considera uma mulher incomum?

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Eu sempre achei que era um pouquinho fora da curva. Talvez eu tenha uma intuição grande, e desde sempre tinha uma alimentação muito saudável. Na minha geração ninguém se precavia do sol, as pessoas passavam Coca-Cola no corpo e óleo de cozinha com urucum, e eu passava filtro solar. A minha geração inteira colocou silicone, fui uma das únicas atrizes que não botou silicone. Eu pensava: vou ficar mais madura, tenho que ter pouco peito para parecer magra.

Mas não fez cirurgias plásticas?

Sim, fiz nariz quando tinha 21 anos, e depois o olho. Foram as únicas cirurgias plásticas pelas quais passei até agora.

Fale mais sobre a intuição.

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Eu percebi com 19 anos que eu ia ter que produzir musicais porque ninguém acreditava nisso. Até o Boni me falou: não faça musical porque não vai dar certo, o Brasil não é um país de musical. E até hoje ele é o meu mentor, uma das pessoas em que eu mais confio na vida. Mesmo assim eu fui e produzi, e hoje é o gênero mais importante do teatro brasileiro.

Os contratos fixos bem pagos e a cultura de mídia em torno das grandes estrelas estão acabando no Brasil, como em Hollywood?

Acho que diminuiu muito. O poder mudou de mão, era só da TV aberta, e isso se dissipou. Quem era estrela no País e soube se reinventar com os novos tempos continua com a mesma força. Caso contrário, você desaparece nesse novo mundo. Eu tenho quase 40 anos de TV e é duro quando você está tomando um café da manhã nos Jardins e alguém passa e fala "eu amei aquele seu vídeo do TikTok..." Eu fiz personagens importantíssimos, a pessoa vem me falar do meu TikTok.

Ainda tem contrato fixo com a Globo?

Tenho há 38 anos ininterruptamente. Esse contrato vence em 2024. Vamos ver. As coisas mudam também e é normal que mudem.

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