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Livros, educação e tecnologia

O mapa do incentivo à leitura

Conheça a Plataforma Pró-Livro, um projeto digital que reúne iniciativas para formar leitores em todo o Brasil

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Por Danilo Venticinque
Atualização:

Escrever sobre livros no Brasil é lidar diariamente com o pessimismo. Em conversas com leitores, escritores e profissionais do mercado editorial, perdi a conta de quantas vezes escutei que o brasileiro não tem o hábito da leitura, que os poucos que leem só leem bobagens, e que não adianta incentivar a leitura porque nada vai mudar.

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Impossível não pensar que o país poderia ser muito diferente se cada uma dessas pessoas fizesse algo concreto para disseminar o hábito de ler, em vez de apenas queixar-se da situação atual. Embora o governo e as escolas ainda sejam os principais responsáveis pelo incentivo à leitura, cada leitor pode dar sua contribuição, grande ou pequena, para que os brasileiros leiam um pouco mais.

Foi para catalogar e divulgar projetos de incentivo à leitura, grandes ou pequenos, que o Instituto Pró-Livro criou um ambicioso banco de dados digital. Batizado de Plataforma Pró-Livro, o projeto reúne ações para formação de leitores, com o objetivo de promover a troca de ideias e experiências sobre diferentes projetos."A gente conhece projetos lindos que acontecem em todos os cantos", afirma Zoara Failla, gerente executiva do instituto. "A plataforma vem para criar um espaço colaborativo para receber essas ações."

A plataforma também incluirá pesquisas sobre hábitos de leitura e fóruns de discussão. "Queremosestimular a  pessoas a participarem e apresentarem suas ideias sobre como promover a leitura, como formar novos leitores, como conquistar os jovens para a leitura num ambiente digital, em que ela concorre com tantas outras atividades", afirma Zoara.

Numa busca rápida, é possível encontrar projetos de todos os tipos. Ações pequenas e transformadoras como o blog A menina que indica livros, que oferece dicas de literatura infantil, e também iniciativas de grande porte como o Instituto Ecofuturo, que já criou 107 bibliotecas comunitárias em 12 estados. Em comum, todas elas partem da crença de que o problema da falta de leitura no Brasil tem solução.

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"Essa história de que o brasileiro não gosta de ler é uma falácia; é uma mentira muito injusta. A gente não chegou a nenhum lugar em que a gente não tenha encontrado alguma prática de incentivo a leitura", afirma Marcela Porto, superintendente do Instituto Ecofuturo. "Em comunidades ribeirinhas, em aldeias indígenas, em acampamentos do MST, mesmo nos locais mais remotos. Há professores que abrem suas casas para fazer círculos de leitura, padres que formam bibliotecas em igrejas, atividades de troca de livros. Há até jegues que levam livros para crianças da comunidade. Tudo isso espontaneamente, sem recurso algum."

Para Marcela, o grande mérito da Plataforma Pró-Livro é promover a colaboração entre diferentes projetos de incentivo à leitura por todo o país. "A gente vê muitas iniciativas, cada uma atuando no seu nicho, e elas não conversam e não unem forças", diz. "Como estamos distantes de alcançar o objetivo de ter um país de leitores, se atuarmos de forma coordenada seria um benefício incrível para todo mundo."

Além de promover a colaboração entre iniciativas de incentivo à leitura já existentes, a expectativa é que a plataforma incentive o surgimento de novos projetos. "Ela só vai dizer a que veio se não for uma plataforma vazia", afirma Zoara. "A gente espera que essas experiências estimulem outras pessoas e instituições a desenvolver ações de incentivo à leitura."

A falta de leitores no Brasil é preocupante. Reclamar dela, porém, não vai fazer nada para mudar a situação. Experimente fazer algo a respeito. Busque iniciativas de incentivo a leitura próximas a onde você mora e descubra como apoiá-las. Se não encontrar nada, por que não criar seu próprio projeto? Experimente fazer um esforço, ainda que pequeno, para promover a leitura em sua região. Somados, os pequenos esforços de milhares de leitores podem transformar o país.

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