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Livros, educação e tecnologia

Doar livros não basta. É preciso doar tempo

Conheça o projeto Vida Literária, que incentiva a leitura entre jovens de escolas públicas de São Paulo

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Por Danilo Venticinque
Atualização:

O Brasil precisa de mais leitores--disso, não há dúvida. Qualquer iniciativa para incentivar a leitura no país é bem-vinda. No entanto, algumas ações são muito mais efetivas que outras.

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É comum ver pessoas e empresas se orgulharem por fazer doações de livros a escolas, por exemplo. O gesto é nobre, mas o impacto costuma ser limitado. Há muitos relatos de bibliotecas e escolas que recebem centenas de livros e acabam deixando-os guardados em caixas fechadas, por falta de um espaço adequado em que alunos possam ter acesso aos livros.

Também faltam ações para promover a leitura, sobretudo entre jovens. Não adianta doar livros a crianças e adolescentes que não tem o hábito de ler: antes disso, é preciso estimular a curiosidade pela leitura.

Um bom exemplo é o projeto Vida Literária, dos jornalistas Anderson Fernandes e Débora Kaoru. Criado em 2016 para incentivar a leitura entre jovens de escolas públicas de São Paulo, ele já levou livros a mais de 2 mil alunos em 14 instituições de ensino.

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Distribuição de livros no projeto Vida Literária. Foto: Julien Pereira

Em vez de simplesmente doar livros para as escolas, sem saber como eles serão distribuídos e quem terá acesso a eles, Anderson e Débora se reúnem com os alunos para uma conversa sobre o prazer da leitura.

"Em todas as escolas que passamos, sempre ouvimos relatos da maioria dos alunos que ler é chato. Então, durante a palestra, levamos um discurso para desmistificar isso e assim tentar sensibilizá-los que a leitura é questão de prática, como qualquer atividade na vida e que a mesma pode ser prazerosa quando são feitas as escolhas certas", afirma Anderson. "Nossa conversa é descontraída, sem formalidade e em alguns pontos até engraçada."

Depois do bate-papo, Anderson e Débora fazem uma doação de livros--não para a escola, mas diretamente para os alunos.

"Deixamos os próprios jovens escolherem os livros que querem, não forçamos ninguém a pegar as obras literárias, essa decisão tem que ser deles. E ficamos muito felizes, já que até hoje nunca sobrou nenhum livro sobre a mesa", diz Anderson.

Assim, sem intermediários, a doação tem muito mais chances de ser bem-sucedida: as escolas não precisam se preocupar em como armazenar ou distribuir os livros, e os alunos vão para suas casas animados para ler mais.

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Palestra do projeto Vida Literária. Foto: Julien Pereira

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Para quem se inspirar a seguir o exemplo do projeto Vida Literária e promover ações semelhantes em sua região, a dica de Anderson é simples: além de doar livros, doe tempo. "Coloque-se à disposição no seu bairro, na sua região, na sua cidade. A gente escolheu escolas públicas por entendermos que estes espaços devem ser uma extensão da comunidade", afirma. "Acreditamos sim que estamos alcançando nosso objetivo, que é facilitar o acesso ao livro e à leitura. Nossa estrutura ainda é limitada, mas o projeto é feito com amor, carinho, responsabilidade e isso contagia outras pessoas, por isso tem dado certo."

Quem quiser saber mais sobre o Vida Literária pode encontrar detalhes no site vidaliteraria.com.br ou na página do projeto no Facebook. Para doar livros, mande um e-mail para jornalistafernandes@gmail.com.

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