PUBLICIDADE

Quanto vale um livro antigo? Pergunte aos especialistas

A edição de hoje do Divirta-se traz uma reportagem especial sobre os melhores sebos da cidade. Além de atender quem está querendo comprar livros usados, os sebos recebem muitas pessoas que desejam se desfazer de livros antigos. Um livro muito antigo pode parecer um verdadeiro tesouro, mas a coisa não funciona bem assim. César Potério, do Sebo Fênix, explica que, para um livro ser valioso, não basta ser antigo. "O que pode tornar um livro valioso seria alguma dedicatória de uma personalidade importante ou ilustrações de um artista conhecido", completa. Ele cita como exemplo o livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, que pode ser comprado no sebo por R$ 5. Mas ele vende ali também  uma edição especial, que tem ilustrações do desenhista Gustave Doré, por R$ 200. Outro exemplo é o livro Clínica Médica, do ano de 1870, escrito por Torres Homem. O livro sobre Medicina está desatualizado e não tem mais nenhuma utilidade acadêmica, mas custa R$ 600. O motivo é que há uma dedicatória escrita à mão por Torres Homem oferecendo o exemplar para o imperador D. Pedro II. "Um colecionador compra um livro por causa desse tipo de detalhe", diz Potério.

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

 

 Foto: Estadão

Gilvaldo Amaral Santos, especialista em venda de livros antigos pela internet, tem a mesma opinião. "Não podemos confundir livro velho com livro raro", afirma. "Eleprecisa ter alguma coisa especial para ter algum valor". Gilvaldo também recomenda que, antes de levar a obra para ser avaliada, o ideal é fazer uma pesquisa na internet para saber se já há exemplares da mesma época à venda e, assim, ter noção de quanto ele vale. O Blog do Curiocidade fez a pesquisa pelo site Estante Virtual com o livro Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. A variação de preços é grande. Há uma edição de 1882 que custa R$ 40. A descrição informa que as páginas estão amareladas, mas ainda é possível ver escrito o nome do antigo dono do livro e o retrato do autor feito com lápis de cor. Há também uma edição de 1898 que custa R$ 2 mil. Algumas páginas foram danificadas por cupins, mas o livro faz parte de uma edição comemorativa do quarto centenário do descobrimento da Índia, com direito a ilustrações especiais e letras ornamentadas. Outra opção é uma edição de 1880. O livro é o exemplar de número 113 da edição de Tito de Noronha, de 314 unidades. O que valoriza o exemplar é uma anotação assinada por Teófilo Braga. Noronha e Braga se destacam na história da Literatura por causa da discussão sobre qual versão de Os Lusíadas é de fatoescrita por Camões. O preço do livro assinado por eles: R$ 15,9 mil.

O caçador de raridades

 

 Foto: Estadão

PUBLICIDADE

Edgar Luiz de Brarros,54 anos, é historiador, escritor e perito de bens colecionáveis. Ele, que é membro da Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo (APEJESP), faz avaliações de casos criminais e também extrajudiciais, como avaliação para seguros e auxílio na compra e venda de itens raros. Barros conta que já encontrou muitas raridades sendo vendidas em sebos a preço de banana. "Já achei um exemplar da revista Tico Tico, da década de 1920, à venda por R$ 1. Isso vale, no mínimo, R$ 300", conta o perito. Um caso parecido aconteceu com uma família que queria vender uma coleção de livros por R$ 300. Barros encontrou entre as publicações um exemplar raro de Narizinho Arrebitado - Segundo Livro de Leitura para uso das Escolas Primárias, publicado em 1921 por Monteiro Lobato. "Um único livro poderia ser vendido por  R$ 1,6 mil", afirma. Barros faz avaliação para a compra e venda de itens raros. Para fazer um laudo, cobra R$ 150 por hora de trabalho.  O perito também é colecionador, mas não vende nenhuma das raridades que arremata. "Não tenho dúvidas de que seria um bom negócio, mas eu não me dedico a isso".

Serviço: Sebo Fênix - Avenida Lins de Vasconcelos, 3228; Vila Mariana; 5082-1536 Edgar Luiz de Brarros - 5579-1103

(Com colaboração de Karina Trevizan)

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.