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Risos, lágrimas e texto esquecido marcam volta do Sai de Baixo

Foto de Eliana Rodrigues/Canal Viva

Por Cristina Padiglione
Atualização:

 

Sim, o Sai de Baixo era muito bom. Pode-se gostar ou não de sua receita, mas saiu do ar antes que o público se esgotasse do programa, e em dia com o gosto da massa.

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Sua volta denunciou a saudade de uma plateia que não mais encontrou nada como a família do Arouche na TV nos últimos 11 anos.

A ideia da sitcom com presença de plateia, coisa que as séries americanas revivem, em uns e outros títulos, quase o tempo todo, é algo que algumas gerações, como a minha, só foram conhecer no Sai de Baixo. É a chance de ver uma gravação e se manifestar como plateia. Bem diferente de assistir a uma gravação em estúdio, como tantas outras que já vi, e ter de se fingir de planta em um canto escondido. É Família Trapo, no melhor estilo de referência para o formato, e exige, sobretudo, um elenco afinado entre si, com atores ligeiros no gatilho do improviso ou do texto esquecido.

Como raros e raros casos na TV, o Sai de Baixo foi capaz de perder dois integrantes do elenco original (Tom Cavalcante e Cláudia jimenez) e continuar a funcionar muito bem por mais alguns anos - no total foram seis.

Pois hoje, por iniciativa da direção do canal Viva, Caco Antibes ressuscitou, em uma plateia ávida por aquela adorável prepotência do personagem, o prazer que habita cada um de nós ao ver um sujeito que arrota caviar, como ele mesmo diz, e come mortadela, sempre se dando mal.

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Caco, e tem de ser o Antibes de Miguel Falabella, exorciza no seu deboche o preconceito por pobre que, silenciosamente ou não, é capaz de assaltar qualquer ser desavisado de sua condição humana, ainda mais nesses tempos de ascensão da tal classe C.

Aeroportos cheios, empregada doméstica com direito a FGTS, classe D que vira C e C que vira B: tudo isso está no roteiro de Arthur Xexéo, com texto final de Falabella, na volta do Sai de Baixo em quatro episódios inéditos a serem exibidos pelo Canal Viva, autor da bela iniciativa do revival. A pequena série de inéditos vai ao ar a partir da próxima terça, às 20h30, com exibição semanal nesse horário.

Durante os ensaios no palco do Procópio Ferreira, mesmo teatro onde era gravado o programa, todo o elenco, "sem exceção", segundo Dennis Carvalho, chorou pela emoção de reviver a sitcom. Ao piano, Caçulinha dava os acordes de entrada e saída para cada bloco, tudo como antigamente.

A surpresa da vez foi Tony Ramos em cena, a surpreender o público logo no abrir de cortinas, como mordomo truqueiro que se faz passar por francês.

Aracy Balabanian é recebida pela trilha de Pompa e Circustância. Luís Gustavo chega sob o hino do São Paulo Futebol Clube, e então Tony, também sãopaulino, abre a camisa do smoking para exibir sua camisa tricolor.

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Falabella era quem menos sabia o texto, o que só aumentava a diversão da plateia. Foi auxiliado o tempo todo pelos colegas do elenco e pelo diretor, Dênnis Carvalho. "Gravei Pé na Cova esta semana e não sei o texto mesmo", ele avisou ao público. Marisa Orth era a mais aplicada na lição de casa e ajudava o marido Caco, sem perder cara e tom de Magda. E tem Márcia Cabrita, claro, que ressurge como dona do apê do Arouche, perdido por Vavá graças a dívidas de condomínio.

Gol do Viva, que teve a conta da iniciativa muito bem paga por cinco anunciantes de peso.

Na porta do Procópio Ferreira, fila gigantesca aguardava para entrar, enquanto celebridades como Xororó e família, Dani Calabresa, Regina Duarte, Astrid Fontenelle e Carla Vilhena eram fotografadas à exaustão. A turma do Pânico e do CQC se esbaldou, e Carioca até surgiu lá caracterizado como Caco Antibes.

Na fila do gargarejo, Xororó não se esquivou de rir quando Vavá/Luís Gustavo disse que estava "mais apertado que saco de dupla sertaneja".

Aqui, outras frases do roteiro (re)inaugural:

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"A que ponto chegamos! Meu neto, um ex-BBB! É o fundo do poço" - Cassandra/Aracy Balabanian, ao saber que Caquinho participou de um Big Brother Brasil.

"Estou disposto a experimentar os ursos" - Caco/Miguel Falabella, ao insinuar que poderia engatar um ménage à trois entre ele, Magda e o mordomo Tony Ramos.

"Mesmo se um pastor te meter porrada, a pobreza não sai de você" - Caco a Neide/Márcia Cabrita

"Eu exijo um exame de MMA" - Magda/Marisa Orth, em uma de suas muitas frases equivocadas.

"Cassandra, você não mudou nada mesmo, a gente vê pelo seu cabelo, que está igualzinho" - Vavá/Luís Gustavo, sobre o lendário laquê da personagem.

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 Foto: Estadão
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