Para a Mipcom, feira que começa semana que vem em Cannes, disposta a reunir compradores e vendedores de audiovisual dos cinco continentes, a Globo leva seu competente catálogo de novelas (encabeçado aí por "Caminho das Índias", vencedora de um Emmy no ano passado), mas também a excepcional "Som & Fúria", série concebida pela produtora O2 de Fernando Meirelles, com base em uma produção original do Canadá. Até os canadenses reconhecem que a versão do Meirelles, com Felipe Camargo, Andréa Beltrão, Pedro Paulo Rangel e Dan Stulbach, ficou superior à matriz. E, apesar de todos os confetes merecidos pelo título e da aposta da Globo para levá-la aos estrangeiros, acredite, "Som & Fúria" pode não ganhar a planejada segunda temporada. É que Manoel Martins, atual diretor da Central Globo de Produção, resiste um bocado ao projeto, contaminado pelos modestos índices de audiência registrados pelo programa. Quer dizer, modestos para a Globo, bem entendido. Mas, afinal, já não era tempo de a direção da Globo se convencer de que não terá nunca mais os 50 ou 60 pontos acumulados em produções do passado? Por que não aproveitar que o mercado publicitário ainda lhe dedica 70% de seu bolo para agregar valor e investir em programas de alta qualidade, com a tal da saudável diversidade?
Coragem, seu Manoel, coragem.
P.S. A propósito, gostei muito do novo seriado comandado pelo Falabella, "A Vida Alheia": é quase tudo verossímil, e digo com conhecimento de causa.