Netflix anuncia 1ª série brasileira em momento oportuno

No momento em que o setor de TV paga volta a pressionar o governo brasileiro, por meio da Anatel, da Ancine e do Ministério das Comunicações, pela cobrança de isonomia de obrigações e tributações entre este segmento e as empresas que entregam serviços de vídeo sob demanda pelo sistema Over The Top (OTT), a Netflix, principal alvo das operadoras de TV paga nessa cobrança, anuncia a produção de sua primeira série nacional, batizada como "3%".

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Por Cristina Padiglione
Atualização:

Alimentar o audiovisual nacional e abraçar o cinema brasileiro é tudo o que a Ancine e o ministério da Cultura querem das estrangeiras que aqui vêm oferecendo seus serviços por demanda.

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A cobrança pela política de isonomia foi um dos principais assuntos tratados na abertura do congresso ABTA 2015, ainda nesta terça, 4, da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura, na presença de autoridades da Ancine (Manoel Rangel), da Anatel (João Rezende) e do ministro da Cultura, Juca Ferreira.

A SÉRIE

"3%" é um projeto anunciado pela coluna desta signatária, "Sem Intervalo", em 9 de maio de 2014, pelo Caderno 2. Na época, a série, pertencente à Boutique Filmes, de Tiago Mello (ex-Mixer), já tinha aval da Ancine para captar R$ 4.288.095,95, mas ainda procurava um canal que a quisesse. Agora abraçado pela Netflix, o roteiro começa a ser gravado no início de 2016, com produção da mesma Boutique, que já trafega em vários canais pagos com programas infantis (Cartoon e Discovery Kids), esportivos (ESPN) e humor (Universal Channel), entre outros. O lançamento está previsto para fim de 2016 e a direção cabe a Cesar Charlone (Cidade de Deus, Ensaio sobre a Cegueira, O Banheiro do Papa).

Na linha de frente estão os bem cotados João Miguel (Estômago, Xingu, A Teia, Felizes Para Sempre?) e Bianca Comparato (Avenida Brasil, A Menina Sem Qualidades, Sessão de Terapia, Sete Vidas, Irmã Dulce).

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 Foto: Estadão

Na definição da Netflix, "3%" é um thriller que retrata um mundo dividido entre progresso e devastação. A única chance de passar para "o lado melhor" é por meio de um processo cruel - e nem sempre justo - onde somente três por cento dos candidatos são aprovados. "Em última instância, a série traz à tona questões sobre a dinâmica da sociedade que impõe constantes processos de seleção pelos quais todos nós temos que passar, gostemos ou não", comenta Cesar Charlone, em release enviado pela Netflix.

   Foto: Estadão

 

Quando falamos sobre "3%" pela primeira vez, em maio do ano passado, o texto publicado no Caderno 2 dizia o seguinte:

Febre. Na linha das trilogias de Jogos Vorazes e Divergente, que têm arrebatado adolescentes no mundo todo, a série 3% recebeu da Ancine o aval para um orçamento de R$ 4.288.096,95 para a produção de sete episódios de uma hora cada um que estão a cargo da Boutique Filmes. A produtora agora negocia com canais abertos e pagos. Febre 2. Voltada a um público mais adulto que Jogos Vorazes,3% apresenta um mundo onde a maioria da população vive no "Lado de Cá" (decadente, miserável e corrupto), e onde os jovens, ao completarem 20 anos, se submetem a uma seleção humilhante como única chance na vida de ir para o "Lado de Lá", onde há dignidade. Febre 3. Criada por Pedro Aguilera, com direção de Jotagá Crema, Dani Libardi e Daina Gianecchini, 3% já tem uma versão bem cotada, mas compacta, no YouTube. Eis o link do texto: http://migre.me/r3whP Criador da série, Pedro Aguilera se mantém no roteiro, mas a direção agora muda de mãos para exibir os créditos de Charlone, indicado ao Oscar por Cidade de Deus. 3% será filmada em Ultra HD 4K.

 

 

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