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Audiência boa nem sempre vale votos

Por Cristina Padiglione
Atualização:

Avaliar efeito de debate depois que as pesquisas estão anunciadas é como diagnosticar jogo de futebol com placar consumado ou, no caso da economia, como procurar causas para baixas e altas das Bolsas depois que o efeito já é conhecido.

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Em todo caso, diante das pesquisas DataFolha, Ibope e Vox Populi da semana, em que Lula abre vantagem sobre Alckmin (e o único evento novo desse período foi efetivamente o debate da Bandeirantes, embora Tereza Cruvinel, na GloboNews, tenha tentado buscar outros elementos para explicar o novo placar), convém lembrar de uma edição especial que fizemos no Estadão antes do início da propaganda eleitoral na TV, ainda lá no primeiro turno. Em entrevista ao suplemento "TV & Lazer", em agosto, o diretor de jornalismo da TV Bandeirantes, Fernando Mitre, explicou-nos os motivos que tornam os debates de hoje aparentemente insossos, sem sal. Dizia já então que na era atual, um debate que vira espetáculo, com muita ironia e agressividade, pode até ser bom para a TV, mas nem sempre é bom para o candidato. O famoso embate entre Lula e Collor em 1989, poderia ter efeito contrário nos nossos dias, voltando-se contra o agressor nas urnas. Mitre citou o caso de Antony Garotinho nas eleições presidenciais passadas. Garotinho deu show diante das câmeras, mas perdeu votos na seqüência.

O eleitor-telespectador hoje espera do candidato que lá se apresenta que ele dê alguma demonstração de sua postura como estadista. Faz parte do teste a que ele se submete diante das câmeras.

No debate da Band, Lula ficou boa parte do tempo na defensiva, o que rendeu comentários de que Alckmin havia se saído melhor em cena. Mas, como disse Tutty Vasquez, o candidato do PSDB parecia ter incorporado o caboclo da Heloísa Helena, e a surpresa com o tom acima pode ter garantido a boa audiência para a Bandeirantes (16 pontos no Ibope consolidado em São Paulo e 13 pontos em nível nacional, mais de 7 milhões de domicílios), mas pode também ter lhe provocado a baixa na conta das intenções de voto.

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