O ibope subiu, O.k., mas não na mesma medida da comoção vista, por exemplo, na internet, via redes sociais, fóruns de discussão ou sites noticiosos. A julgar pela web, o ibope da TV prometia números históricos.
Não foi bem assim.
Na quinta-feira, dia da tragédia, o Jornal Nacional alcançou 35 pontos de média de audiência na Grande São Paulo, onde cada ponto equivale a 58,2 mil domicílios com TV. É mais do que o noticiário vinha registrando nos últimos dias, quando, mal servido pelo baixo ibope da novela das 7, sequer vinha esbarrando em 30 pontos. Mas é também significativamente menos que o seu recorde do ano, registrado em 10 de janeiro, época de chuvas na cidade, quando chegou aos 42 pontos de média.
O Jornal da Record, na mesma quinta-feira, ficou em 9 pontos ¬- 2 a menos que seu recorde em 2011. Na Band, a alteração de ibope dos noticiários de quinta-feira, da histeria de José Luiz Datena à sobriedade de Ricardo Boechat, foi nula.
O ineditismo do fato e sua platéia explicam.
Por mais que o público infanto-juvenil tenha se habituado a ver cenas de violência, o código de imagens banalizadas por essa rotina jamais havia admitido, sequer na ficção, um sujeito que entra numa escola e sai matando criancinhas a tiros. Convém anotar: do total de indivíduos que assiste ao Jornal Nacional, 12% têm de 4 a 17 anos (6% têm de 4 a 11 anos, e 6%, de 12 a 17 anos). No Jornal da Record, esse porcentual sobe para 19% (11% da audiência tem de 4 a 11 anos, e 8%, de 12 a 17), embora isso represente menos que o JN em números absolutos, já que a audiência do JR mal atinge um terço da platéia do JN. Os dados são do Ibope na Grande São Paulo.
O mesmo temor que motiva pais a se informarem agora se a segurança na escola dos filhos é ou não confiável norteia o zapping que evita maior exposição dos menores a tal barbárie. Nada que determine o sumiço do assunto da TV, longe disso. O atirador de Realengo pode não ter gerado recordes, mas a comoção, mesmo quando embrulha estômagos, ainda motiva a maior parcela da audiência.