Brinco de vilã vira comércio de camelô

PUBLICIDADE

Por Cristina Padiglione
Atualização:

Intransitável como toda temporada que antecede o Natal, o universo da 25 de Março consegue desfilar toda a civilidade que faltou aos saguões e salas de espera dos aeroportos brasileiros nos últimos dias. A multidão que se espreme é de uma tolerância a ser invejada pelos sem-avião.

PUBLICIDADE

E o camelô anuncia: "Olha o brinco da Marta, o brinco da Marta!" Mas agora vendem brincos da Marta Suplicy?, penso eu. Não, louca, era o brinco da Marta da novela. "E vende?", pergunto ao camelô, que nem me escuta, continua a gritar, enquanto sou levada pelo fluxo. Eis aí. Quem disse que vilão não vende? "A Marta da novela" é a Lília Cabral de "Páginas da Vida", o demônio em pessoa. Como todo vilão, alcança com imediatismo a sensibilidade da platéia.

Quem nunca reparou que a Malévola do clássico "A Bela Adormecida" foi consagrada pela Disney como uma figura esbelta, fashion, como se desfilasse para Fauze Haten? E as três fadinhas do bem, Tia Fauna, Tia Flora e Tia Primavera, tão feinhas, tão gordinhas, tão pequeninas... Uns amores. E incapazes de despertar a cobiça alheia.

O camelô sabe o que diz.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.