67º Emmy pagou dívida a Jon Hamm. Adeus, Don Draper

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Por Cristina Padiglione
Atualização:

Cena do encerramento de Mad Men, quando um retiro hippie de Draper inspira um futuro comercial da Coca-Cola, foi referência para paródia de um dos vários filiminhos produzidos sob encomenda da cerimônia de entrega do 67º Emmy Awards.

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O 67º Emmy Awards se derreteu por 'Veep', 'Game of Thrones', com quatro estatuetas cada um, e a minissérie/telefilme 'Olive Kitteridge', que faturou 3.

Ou seja, os três títulos mais premiados da noite são da HBO, um feito para um universo com pluralidade de produção maior que o Brasil.

Um dos troféus mais aplaudidos da noite também tem um dedo da HBO no Brasil: Jon Hamm, indicado ao Emmy de melhor ator de série de Drama há oito anos, desde o início de Mad Men, finalmente levou sua estatueta. Modesto, o ator disse que deveria haver algum erro na sua premiação, dado o nível de seus concorrentes - Kevin Spacey, por Frank Underwood (House of Cards) incluso. Embora seja da AMC, no Brasil, a série sobre a agência Sterling & Cooper fica na HBO.

O prêmio para Don Draper foi um modo de homenagear a grande trajetória da belíssima série protagonizada por Jon. Quando se viu que a direção de drama foi para Game of Thrones, era de se esperar que a própria GoT fosse vencedora como série. E assim foi.

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Mais aplaudido que Jon Hamm foi a turma de Jon Stewart, por sua trajetória e despedida no The Daily Show. Levou direção, roteiro e programa de variedades/talk show e, em todas as menções, fez a plateia de todo o teatro levantar. Ao subir no palco para pegar sua estatueta, Stewart agradeceu muito e disse: "Vocês não vão ter mais que me ver".

Veep, que está na sua 4ª temporada e há quatro anos contempla Julia Louis-Dreyfus como melhor atriz de comédia, fez estrago na expectativa das demais concorrentes e finalmente tirou de Modern Family o troféu que há anos era faturado pela série. Veep abocanhou ainda outro Emmu a Tony Hale, que já tem um prêmio pelo papel de fiel escudeiro da presidente Selina, como ator coadjuvante de comédia. E rendeu ainda melhor roteiro.

George R.R.Martin foi nominalmente citado pelo apresentador, merecedor de longo close e novamente mencionado por Peter Dinklage em seu discurso, já como premiado por ator coadjuvante. Game of Thrones detinha o maior número de indicações da noite (11) e, afinal, levou algumas das principais, incluindo direção esérie de drama.

Viola Davis, vencedora como atriz principal de drama por How to Get Away with Murder, foi a primeira mulher negra a ganhar um Emmy de atriz principal e fez o discurso mais contundente da noite. "A única coisa que separa mulheres de cor de qualquer outra pessoa é oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem." Emocionou o público e se emocionou.

Assistir a uma cerimônia do Emmy Awards in loco significa a certeza de que a nossa televisão está a anos luz da organização dos americanos para um evento desse porte. Durante os vários intervalos feitos para acomodar tantos comerciais de anunciantes interessados no evento, a gigantesca plateia se move à vontade. Sai, vai ao banheiro, vai comprar champagne e hot dog no saguão e até para procurar celebridades em busca de uma selfie. Se o programa voltar do intervalo e o sujeito não estiver no teatro, fecham-se as portas, até o intervalo seguinte. Magistralmente, as câmeras, e perdi a conta de quantas são, não deixam escapar na tela os lugares eventualmente vazios pela gente que sai de seus lugares.

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E tudo funciona. Não há buracos de cena, microfones que falham, nada fora do lugar. Uma bela orquestra encontra seu lugar no alto do cenário e é descoberta pela fachada prateada da boca de cena para se revelar vigorosa durante todo o espetáculo. Nos intervalos, ela se descortina de modo generoso, impedindo que a adrenalina da plateia desmorone.

Os modelões do black tie permitem extremos: dos mais belos aos mais execráveis. Afinal, pior do que estar mal vestido é estar mal vestido com pretensão oposta, fazendo da excentricidade um grande equívoco. De modo geral, não há como não se divertir.

A viagem que me permitiu testemunhar in loco o 67º Emmy, em Los Angeles, de onde escrevo agora, foi feita a convite da Turner, programadora responsável pelo Warner Channel, que transmitiu a cerimônia no Brasil. Nos Estados Unidos, a transmissão é da FOX.

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