Uma usina demolidora de blues chamada Joe Bonamassa

Julio Maria

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Por Redação
Atualização:

Era para ser mais um dos milhares de seguidores do guitarrista texano Stevie Ray Vaughan, morto em uma queda de helicóptero em 1990 e imediatamente transformado em mito, se Joe Bonamassa não tivesse pisado em alguns pedais de distorção a mais e escutado gente que tocava guitarra do outro lado do oceano.

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Bonamassa é um nerd da guitarra. Sua adolescência foi 'perdida' no quarto, treinando escalas pentatônicas e frases de Gary Moore, Rory Gallagher e Eric Clapton. Quando apareceu, aos 15 anos, já era um monstro. Grudava os dedos no braço do instrumento com a força e a agilidade de quem quer tirar a tinta da guitarra.

uas frases são longas e sentidas, técnicas, mais para o que fazem os aplicados ingleses do que os sentimentais norte-americanos. BB King lhe deu a bênção e Bonamassa saiu pelo mundo. Ao Brasil, chega agora em overdose.

As gravadora Som Livre (como as coisas mudaram neste selo que só fazia trilha sonora de novela) anuncia os álbuns que praticamente apresentam, ainda que tardiamente, Bonamassa aos brasileiros. Da carreira solo, chegam o curioso Dust Bowl, gravado na Ilha de Santorini, Mar Egeu, e o épico Joe Bonamassa Live From The Royal Albert Hall (aqui um combo de CD duplo e DVD duplo, vendidos separadamente). Black Lung Heartache, de Dust Bowl, sinaliza para um jovem fuçador, aberto a sons led zepellianos.

 Foto: Estadão

Já o disco gravado ao vivo no Royal Albert Hall, é o melhor ponto de partida. O show, como gostam os americanos do Sul, tem uma banda com dois bateristas que tiram tudo igual, como se tocassem olhando para o espelho. Cenicamente funciona. Musicalmente é dispensável. Eric Clapton toca Further on Up The Road com ele, mas aqui não é nada inesquecível.

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Há dois anos, Bonamassa se juntou ao vocalista Glenn Hughes, ex-Deep Purple e Black Sabbath, ao tecladista Derek Sherinian (de Alice Cooper e Kiss) e a Jason Bonhan (baterista filho do gigante John Bonhan, do Zeppelin), e criou o Black Country Communion. Aí as coisas ficaram bem mais pesadas. O menino que aparecia em vídeos no YouTube como um bluesman texano veio arrasador, mas tocando para um público de metal. Faces de um jovem demolidor que aparecem em dois discos, 1 e 2, e no DVD duplo Live Over Europe.

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