The Bad Plus: quando o jazz ecoa o indie rock

Jotabê Medeiros - O Estado de S.Paulo

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Por Redação
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No dia 25, às 22 h, o Bad Plus toca no Bourbon Street. Nos dias 26 e 27, o trio participa do projeto Jazz na Fábrica, no Sesc Pompeia. No passado, já tocaram no próprio Bourbon e também no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo.

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Never Stop é um disco de difícil comparação. Começa com um emaranhado pianístico, um moderno post bop, em The Radio Tower Has a Beating Heart, e termina nove temas à frente com um jazz de salão de baile, com Super America, passeio do som de vanguarda pelas âncoras do tradicional jazz.

O contrabaixista Reid Anderson conversou ontem pela manhã com a reportagem do Estado a respeito dessa nova turnê pelo País. Ele disse concordar que seu novo disco, Never Stop, tem um sabor de música eletrônica, especialmente na faixa-título. "Você está certo. Há uma força que vai realmente nessa direção. Mas nós somos três compositores no grupo, então você vai achar outros sabores entre as canções. Eu amo a música eletrônica, neste exato instante eu estava trabalhando com eletrônica. É que tenho um estúdio aqui em casa e estava experimentando com eletrônica", afirmou.

Segundo Anderson, o motivo pelos quais o Bad Plus grava, muito frequentemente, músicas de grupos de rock e pop, como Nirvana, do Rush, do Tears for Fears, é para manter o grupo conectado com uma parte importante da tradição do jazz: a abertura de um diálogo com a música popular.

"Nós nos inserimos nessa tradição. De jeito nenhum uma canção como Smell Like Teen Spirit, do Nirvana, nos é estranha. Nós a tocamos, em primeiro lugar, porque gostamos dela. Esse é sempre o primeiro critério. Em segundo lugar, nós vivemos na cultura contemporânea. Como somos improvisadores, fazemos uma leitura dessas canções com a liberdade que é necessária para abrir sua leitura. Há toda uma experiência de vida naquela música, e nós precisamos compreender isso. Outra coisa é que, quando a gente toca algo para um público que não está acostumado àquilo, ele tende a reagir de uma forma também diferente. É um bom desafio", afirmou o músico.

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Quanto ao aspecto um tanto quanto cinematográfico das canções da banda, ele nega que seja um timing específico de trilha sonora de cinema. "Nós gostamos de uma música que tenha uma abordagem cinemática, que tenha um escopo cinematográfico, assim como das artes visuais e outras manifestações artísticas criativas. O cinema tem essa coisa de lidar com emoções complexas, é interessante. Mas nós temos uma regra particular, que é não ter nenhuma regra particular."

The Bad Plus e outro trio norte-americano, o Medeski, Martin & Wood, desfrutam de uma rara unanimidade entre a crítica de jazz: estão considerados entre os grupos mais modernos do jazz atual. "Sim, é legal ser chamado de moderno", diz Anderson. "E é claro que não fazemos música para ser encerrada em um museu. Fazemos uma música para o aqui e o agora.

Ele falou ainda das circunstâncias de gravação do seu disco Never Stop, no ano passado. O trio regressou a sua terra natal, Minnesota, e se enfurnou no famoso Pachyderm Studio, na região rural de Cannon Falls. O estúdio fica numa residência projetada por um discípulo do famoso arquiteto Frank Lloyd Wright, Herb Bloomberg. Soul Asylum, Wedding Present, Mudvayne, Babes in Toyland: muita gente já passou pelo Pachyderm. "É um grande estúdio, muito aconchegante. Foi lá que o Nirvana gravou In Utero, que PJ Harvey gravou Ride of Me. Foi lá também que gravamos Prog. Primeiro, é perto de casa. Segundo, é um lugar fantástico, e mantém a gente longe das tentações, porque é no meio do mato", diz o baixista.THE BAD PLUSBourbon Street. R. dos Chanés, 127, 5095-6100. 4ª, 22 h. R$ 95 (até 24/5)/R$ 120 (no dia). Sesc Pompeia. R. Clélia, 93, 3871- 7700. 5ª e 6ª (27), 21h30. R$ 16.

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