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São Paulo não oferece condições decentes para megashows

Marcelo Moreira

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Por Redação
Atualização:

O público roqueiro está começando a acordar em São Paulo. As recentes passagens de Iron Maiden, Black Sabbath, Megadeth e Slayer pela cidade escancararam a crise grave de falta de espaços adequados para receber megaventos, que antes estavam confinados aos estádios do Pacaembu e do Morumbi. A enorme quantidade de queixas a respeito dos locais escolhidos e sobre os problemas de som deveriam servir de alerta geral para todos os produtores de grande porte que atuam no Brasil.

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Com as restrições cada vez maiores por conta da legislação, falta de datas no calendário e pelo alto preço do aluguel, os estádios grandes da cidade, por enquanto, estão descartados - situação que pode mudar com as inaugurações próximas do Itaquerão, o estádio do Corinthians, e a Arena Palestra (também conhecida como Allianz Parque), o novo estádio do Palmeiras, que prometem ser modernos espaços multiuso. No Palmeiras, especulou-se que Metallica e Iron Maiden poderiam fazer um concerto de inauguração antes da primeira partida.

Com o estádio do Canindé vetado por questões de estrutura , assim como o estádio do Ibirapuera, sobram locações inadequadas que precisam ser adaptadas, como os citados Campo de Marte - aeródromo na zona norte -, a Arena Anhembi, que nada mais é do que uma parte do estacionamento do Sambódromo, e o inacreditável autódromo de Interlagos (que é ótimo para corridas, mas péssimo para shows).

Os problemas dos locais seriam relevados até certo ponto se pelo menos as condições para ouvir e ver parcialmente compensassem. Pena que isso não ocorra. Além de serem locais abertos, onde o som "foge" por causa do vento, são muito grandes para que a parca estrutura sonora que as empresas costumam oferecer ao público.

No Iron Maiden e no Slayer, que tocaram no mês passado no Anhembi, as reclamações foram generalizadas em relação ao som baixo demais e à completa falta de visão do palco. No Black Sabbath e Megadeth, no Campo de Marte, as mesmas reclamações: som ruim em vários pontos, palco pequeno e estrutura insuficiente de caixas de som e telões.

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A vítima da vez será o Monsters of Rock, que será realizado no Anhembi. nada indica que os equipamentos de som e suas disposições serão diferentes do que foi visto no show do Iron Maiden. Portanto, quem vai a um evento desses deve estar preparado para um som que pode deixar a desejar - o que é um absurdo, levando-se em conta que os ingressos mais baratos atualmente não saem por menos de R$ 180, ou R$ 300, como no Black Sabbath.

Por enquanto há pouco o que fazer para protestar contra as péssimas condições de som dos megashows. O curioso é que reclamações deste tipo são poucas no Lollapalooza e no Planeta Terra. Parece que ali os produtores do show se preocupam um pouco mais com a qualidade do que é servido aos ouvintes. E, ao que tudo indica, parece que o Jóquei Clube de São Paulo se mostra mais adequado a megashows, mas que infelizmente parece ser um local fora do mapa para o rock pesado, por uma série de razões. E pensar que sentiríamos falta de ver shows nos precários e inadequados estádios da cidade...

De qualquer forma, é bastante saudável que o público reclame bastante nas redes sociais e em sites especializados a respeito do som e das condições ruins dos locais. Juridicamente não existe base para exigir punição ou indenização por som ruim, já que é algo subjetivo. Mas o protesto sistemático pode ao menos forçar as empresas a revisarem a estrutura de som e oferecer coisa melhor - no ponto extremo, o boicote aos shows seria uma alternativa.

São dois pontos que devem ser atacados: a falta de um lugar decente para megaventos na Grande São Paulo, e aí talvez seja o caso de fazer uma cobrança mais efetiva do poder público, e estruturas deficientes de som para satisfazer um público que pagar muito caro para ver atrações internacionais. As novas arenas de Corinthians e Palmeiras podem resolver parcialmente a situação, mas ainda assim é inacreditável que uma das cinco maiores regiões metropolitanas do mundo ofereça condições tão ridículas para grandes shows.

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