Rock para ver e aprender

Marcelo Moreira

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Por Redação
Atualização:

Documentários de rock sempre foram desprezados pelo mercado de vídeos do Brasil. Nos anos 70 e 80, paulistanos fanáticos faziam fila para assistir a shows importados nas telas do Carbono 14, no Bexiga, e no Rock Show, em Pinheiros.

Foi nos dois cineclubes que muitos viram pela primeira vez maravilhas como "California Jam", do Deep Purple, em show de 1974, "Never Say Die", show do Black Sabbath de 1978, "Lete There Be Rock", show-documentário do AC/DC de 1978 e muitas outras coisas.

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A febre dos documentários ganhou força em DVD nesta década com a série "Classic Albuns", onde todo o processo de gravação era dissecado pelos músicos, produtores e engenheiros envolvidos - o mais recente lançamento no Brasil é "Paranoid", do Black Sabbath.

A série já teve, entre outros retratados, "British Steel", do Judas Priest, "Who's Next", do The Who, "Metallica (Black Album)", do Mettalica, "A Night at the Opera", do Queen, e muitos outros.

Quatro documentários de excelente qualidade estão no mercado e mostram o que de melhor o rock produziu, tanto musicalmente como visualmente. Dois deles já foram lançados no Brasil, e dois chegam via importação.

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A mais interessante versão nacional é "Stones in Exile", documentário de Stephen Kijak que mostra a loucura que foi a composição e gravação do álbum "Exile on Main Street", dos Rolling Stones, no sul da França em 1971, em registro material bônus de primeira - raras imagens, fotos de arquivo e entrevistas recentes.

O documentário faz parte da promoção do álbum remasterizado, com um CD extra com material extra e sobras de estúdio, que foi lançado em julho por aqui.

O que era para ser um documentário sobre a gravação de um álbum da então maior banda do mundo - os Beatles acabaram um ano antes - se transformou no retrato da degradação de grupo de músicos egocêntricos e narcisistas, com toda a sorte de excessos com drogas e sexo - mas com muita música boa.

"Beyond the Lighted Stage" de form didática a carreira do canadense Rush, trio formado por Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart. Formado em 1970 em Toronto, teve como baterista John Rutsey até o lançamento do primeiro álbum, "Rush", em 1974, ano em que Peart assumiu a bateria.

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Músicos como Kirk Hammet, Mike Portnoy, Gene Simmons, Vinnie Paul falam sem afetação e sem babação de ovo como Rush os influenciou de maneira definitiva.

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Mais do que um documentário de rock, é um retrato fiel e muito bem narrado do cotidiano de uma banda gigante, com a magia das apresentações, as dificuldades dos bastidores para gerenciar e montrar a infraestrutura e os problemas pessoais de cada um dos integrantes, tudo conduzido de forma delicada e precisa pelos diretores Sam Dunn e Scot McFadyen.

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Dos importados, merece ser vista e comprada a obra-prima "Anvil! The Story of Anvil", de Sacha Gervasi, que mostra de forma corajosa e inteligente como o show business pode ser cruel e injusto. O Anvil é uma banda canadense de heavy metal surgida no começo dos anos 80 e que até teve chance de estourar, mas ficou no quase.

A fita é a luta fracassada de Steve "'Lips" Kudlow (vocal e guitarra) e Robb Reiner (baterista) para atingir o estrelato. Enquanto tentam se segurar em uma série de subempregos com salários de miséria, acalentam o sonho de um adia tocar para milhares de fãs como os conterrâneos Rush e Triumph e os ídolos Iron Maiden, Anthrax e Metallica.

De forma sincera e honesta e muito corajosa, Kudlow Reiner se expõem de forma cmovente na tela e não se intimidam diante dos fracassos e das portas fechadas em 28 anos de busca incessante pelo sucesso. A ironia de tudo isso é que finalmente a fama chegou, ainda que de forma mais modesta, com o lançamento do documentário na Europa.

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Não se sabe se por dó ou por admiração, o fato é que o esquecido e desprezado Anvil foi redescoberto. Recebeu convites para abrir a turnê americana do AC/DC de 2009 e para se apresentar em pelo menos três grandes festivais europeus.

"It Might Get Loud", de Davis Guggenheim, talvez seja o menos atraente de todos, mas é igualmente excelente. Reúne três gerações de guitarristas que contam, juntos, suas experiências músicais e sua relação com o mundo do rock. São eles Jimmy Page (ex-Led Zeppelin), The Edge (U2) e Jack White (White Stripes).

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De forma bem humorada e descontraída, os três trocam imprerssões sobre o mundo dos negócios, equipamentos e influências. Entretanto, na hora das jam sessions, fica evidente o abismo técnico e de qualidade entre o mestre Page e seus discípulos.

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