PUBLICIDADE

Queensryche e Savatage: passado glorioso, futuro desanimador

Marcelo Moreira

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Duas bandas pioneiras de um gênero, o metal progressivo, em uma encruzilhada, caminhando para o ocaso e para um fim melancólico. Queensryche e Savatage foram bandas gigantes nos ano 80 e 90, estão à beira de completar 30 anos de carreira, mas sem a menor perspectiva profissional.

PUBLICIDADE

O Queensryche ainda continua tentando, e com dignidade - mas o público parece não acreditar mais nas aventuras megalomaníacas criadas pelo vocalista Geoff Tate. A banda de Seattle ainda sente demais a falta do guitarrista Chris DeGarmo, membro-fundador que saiu em 1998, voltou apenas para gravar o álbum "Tribe", em 2003, para sair definitivamente no mesmo ano.

Os últimos quatro anos foram bastante movimentados para o quinteto. "Operation Mindcrime II", continuação lançada em 2006 do megassucesso de 1988, acabou decepcionando em termos de vendas, mas rendeu uma turnê lucrativa e úm CD duplo ao vivo, "Mindcrime at the Moore".

Tentando reverter o panorama, tentaram as armas de sempre: uma coletânea dupla com material raro ("Sign of the Times - The Best") e um CD de versões bem inusitadas para clássicos do rock e da música pop, "Take Covers", ambos de 2007, antes de partir para uma nova aventura conceitual, "American Soldier", de 2009, tendo a Segunda Guerra do Golfo e a ocupação do Iraque como tema central.

O mercado não respondeu de forma esperada, o que foi injusto, já que "Amercian Soldier" é um bom trabalho, mesmo massacrado pela crítica norte-americana. A pergunta agora é a de sempre: para onde ir, em tempos de downloads gratuitos e ilegais?

Publicidade

Enquanto a resposta não vem, resta vasculhar o baú de antiguidades e resgatar alguma novidade ou pérola. "Empire", o trabalho de maior impacto e sucesso do grupo, de 1990, chega às lojas em nova edição de luxo.

 Foto: Estadão

A nova versão, comemotativa dos 20 anos do lançamentoda obra, conta com dois CDs, sendo que o CD 1 é o álbum "Empire" todo remasterizado e com três faixas bônus enquanto que o CD 2 conta com gravações ao vivo da banda anteriormente não lançadas. Bom, muito bom, mas insuficiente para fãs mais exigentes e para uma grande banda considerada uma das mais criativas de sua época.

Já a situação do Savatage é muito mais complicada. Oficialmente a banda não terminou, mas seu líder, o vocalista e tecladista Jon Oliva, considera-a morta desde 2002, quando acabou a turnê do CD "Poets and Madmen", do ano anterior.

"O Savatage me deve US$ 1 milhão, nunca deu lucro, mesmo com o lançamento de nossos maiores sucessos em CD. Não vejo o porquê de ressuscitar a banda, minha prioridade é o Trans-Siberian Orchestra", afirmou Oliva à revista Rock Brigade em 2005. "O Trans-Siberian Orchestra está tão ocupado que nos toma um ano inteiro. Se fôssemos fazer algo com o Savatage teríamos que dar um tempo longo de parada com o TSO, pois as duas bandas não podem co-existir ao mesmo tempo. Isso deveria ser óbvio, visto que não há um álbum novo do Savatage desde 2001. É porque o TSO toma o tempo de todo mundo!"

Infinitamente mais lucrativo e mais trabalhado, o projeto Trans-Siberian Orchestra, criação de Jon Oliva e do produtor, músico e empresário Paul O'Neill, já tem cinco trabalhos concetuais lançados e suas apresentações são estruturadas em forma de ópera, com atos e apoio de atores e orquestra.

Publicidade

A ideia deu tão certo que todos os músicos e ex-músicos do Savatage participam do Trans-Siberian Orchestra, que teve de ser "dobrado". Existe uma banda na Costa Oeste dos Estados Unidos, e outra na na Costa Leste.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

"Uma banda só não dá conta da demanda que temos. Por isso, montamos duas companhias para atender o público norte-americano e canadense", afirmou Jon Oliva em recente entrevista à revista Roadie Crew. O sucesso é tanto que o último álbum do Trans-Siberian Orchestra, "Night Castle", ficou n o Top 50 das paradas nor-americanas deste ano.

Enquanto produz e compõe para sua "orquestra", Jon Oliva trata de arrumar tempo para um projeto paralelo, o Jon Oliva's Pain, que tenta retomar o trabalho do Savatage, mas mais pesado e menos progressivo. Essa banda não faz shows ao vivo. O mais recente trabalho é "Festival", do ano passado, o quarto do grupo.

Sobre o Savatage, Oliva continua lacônico. Ele autorizou a edição neste segundo semestre do CD duplo "Still the Orchestra Plays the Greatest Hits - Vol. 1 and 2", que nada mais é do que uma compilação de gravações ao vivo feitas pela banda entre 1989 e 1994.

 Foto: Estadão

O álbum é uma excelente amostra do poder e da qualidade da música do Savatage, mas ainda assim é muito pouco para uma grande banda que ajudou a definir um estilo (ou subgênero) em uma época em que o Dream Theater, considerada a grande banda de prog metal, nem sonhava em gravar o seu primeiro álbum.

Publicidade

Vale para não deixar o nome Savatage morrer, mas apenas por isso. Infelizmente, parece que Jon Oliva vai deixar a banda congelada por muito mais tempo

Queensryche - "Empire" - Super Deluxe Edition

Disco 1

01. Best I Can 02. The Thin Line 03. Jet City Woman 04. Della Brown 05. Another Rainy Night (Without You) 06. Empire 07. Resistance 08. Silent Lucidity 09. Hand On Heart 10. One And Only 11. Anybody Listening?

Faixas bônus

Publicidade

12. Last Time In Paris 13. Scarborough Fair 14. Dirty Lil Secret

Disc 2 (ao vivo no Hammersmith Odeon, Londres, em 15 de novembro de 1990):

01. Resistance 02. Walk In The Shadows 03. Best I Can 04. The Thin Line 05. Jet City Woman 06. Empire 07. Roads To Madness 08. Take Hold Of The Flame 09. Silent Lucidity 10. Hand On Heart

Savatage - "Still the Orchestra Plays the Greatest Hits - Vol. 1 & 2"

CD1: Greatest Hits Vol.1:

Publicidade

01. Power Of The Night 02. Hall Of The Mountain King 03. 24 Hours Ago 04. Legions 05. Gutter Ballet 06. Summers Rain 07. When The Crowds Are Gone 08. Ghost In The Ruins 09. If I Go Away 10. NYC Don't Mean Nothing 11. Edge Of Thorns 12. All That I Bleed

CD2: Greatest Hits Vol.2:

01. Handful Of Rain 02. Chance 03. One Child 04. I Am 05. Anymore 06. Hourglass 07. The Wake Of Magellan 08. Morphine Child

Bonus tracks (regravados por Jon Oliva en 2009):

09. Anymore 10. Not What You See 11. Out On The Streets

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.