Estadão
20 de abril de 2013 | 20h08
Flávio Leonel – Roque Reverso
Para boa parte das 55 mil pessoas que estiveram no segundo dia do festival, aquele era o show da noite, já que a banda tem a tradição de tocar sem frescuras, aproveitando boa parte de seu tempo.
Com o horário do show agendado para as 18h45, o QoTSA subiu ao palco sem atrasos e já causou vibração da plateia quando Josh Homme apareceu logo de cara envolvido em um bandeira brasileira com um logo do fã clube local do grupo.
Outra novidade veio na bateria, já que, depois da saída do animalesco Joey Castillo estava sendo cogitada até a participação de Dave Grohl em São Paulo, em função da participação deste na gravação do disco novo com as baquetas. Apesar dos rumores, ele não apareceu, mas o posto foi preenchido por Jon Theodore, ex-Mars Volta, que mandou muito bem durante todo o show, deixando quase nada a desejar em relação a Castillo.
Quanto ao restante do grupo, nenhuma novidade, com o guitarrista Troy Van Leeuwen, o baixista Michael Shuman e o tecladista e guitarrista Dean Fertita gerando, juntamente com Homme e Theodore, toda a massa sonora que é característica do respeitado grupo norte-americano. Destaque também para a qualidade do som durante o show do QoTSA, o que deixou a apresentação ainda melhor e parecendo uma continuação da vista no SWU.
A primeira música da noite foi “The Lost Art of Keeping a Secret”, do bom álbum “Rated R”, de 2000. Não bastasse a abertura ter agradado logo de cara, a banda emendou de uma vez nada menos que “No One Knows”, pertencente ao grande disco “Songs for The Deaf”, de 2002, e um dos maiores hits da carreira do QoTSA.
A vibração foi generalizada, com o público cantando não somente a música, mas também o riff (“Tan-Tan-Ran-Ro0m”) em vários momentos, para alegria de Josh Homme. ”Vocês são fudidamente maravilhosos!”, declarou o músico, para delírio de todos, que já estavam curtindo demais todo aquele grande momento, numa noite linda no Jockey Club, que ainda tinha a visão dos prédios modernos da Marginal Pinheiros ao lado.
Para quem foi ao SWU e sentiu falta de “First It Giveth”, também do “Songs for The Deaf”, a música veio de presente. Vale destacar que, apesar do petardo sonoro, Josh Homme mostrou um pouco de dificuldade para cantar a parte mais aguda, pouco recomendada para shows ao ar livre. No final, agradeceu em português e acrescentou, em inglês, que era um prazer tocar ali, “dançando, bebendo e zoando, o suficiente para ficar doente”.
Era a deixa para tocar “Sick, Sick, Sick”, do disco “Era Vulgaris”, de 2007. O som era ensurdecedor, mas era daqueles que você não quer parar de ouvir. Com uma série de efeitos pesados no teclado, guitarras enfurecidas e bateria a 100 km/h, o Queens of The Stone Age ia simplesmente provando que era a melhor banda da noite.
Na sequência, sempre com um retorno incrível do público, o grupo trouxe “Burn the Witch”, do disco “Lullabies to Paralyze”, de 2005; “Monsters in the Parasol”, do “Rated R”; e “Hangin’ Tree”, do “Songs for The Deaf”, que não havia sido tocada também no SWU.
Passada esta trinca, foi a vez de a banda tocar uma lenta e mais calminha. “Essa é uma música de amor, conheça alguém e se apaixone hoje”, disse Homme, muito mais comunicativo do que nas outras passagens pelo Brasil. Foi então que “Make It Wit Chu”, do “Era Vulgaris”, foi executada, matando a fome daqueles que sentiram a falta dela no festival de Itu em 2010.
Depois da música bem apropriada para dar aquela descansada básica, Josh Homme pediu permissão para tocar uma música nova! E São Paulo ganhou de presente a primeira execução ao vivo na história de “My God Is the Sun”, que estará no novo álbum do grupo. Foi um grande momento, já que a primeira vez da canção bombou depois nas redes sociais do mundo inteiro, com os fãs recebendo muito bem esta nova composição, que é forte candidata a hit.
Empolgado com a recepção do público, o vocalista começou a falar sem parar, levando a plateia novamente ao delírio. “Obrigado por ter deixado tocar essa. Serve pra mexer com tudo e para a gente se divertir, se soltar. Vamos ficar bêbados?!!”, convidou Homme, provocando risos por todo o Jockey Club.
Na sequência, ele ofereceu um brinde ao público, voltou a elogiar o comportamento dos brasileiros no show e apresentou os músicos da banda. “Essa é para todas as irmãzinhas do mundo”, disse, já numa deixa para tocar “Little Sister”, do “Lullabies to Paralyze”, que mostrou o grupo em grande forma.
Depois de um período mais morno com a música “Better Living Through Chemistry”, do “Rated R”, os músicos emendaram a boa “Do It Again”, que sempre traz a banda dando uma aula de entrosamento. “Estão se divertindo”, perguntou duas vezes Josh Homme, com o público vibrando, para depois ele mesmo responder: “Então estamos tendo um momento maravilhoso!!!”
O show se aproximava do fim e, para fechar com chave de ouro, o grupo norte-americano trouxe mais duas do ótimo “Songs for The Deaf”: a sempre viajante “Go With the Flow” e a ótima e intensa ”A Song for the Dead”, que chegou a gerar a abertura de rodinhas de mosh em vários pontos da pista, lembrando que ali havia um show de rock pesado.
Depois da curta apresentação, de cerca de 1 hora, ficou a sensação de “quero mais”, justamente porque o público havia assistido a um grande momento no Lollapalooza. Mais uma vez, pelo segundo show seguido da banda por aqui, a música não tocada que fez mais falta foi “You Think I Ain’t Worth A Dollar, But I Feel Like A Millionaire”, do “Rated R”, que foi executada dias depois na versão chilena do festival. Outro hit que não deu as caras foi “Feel Good Hit of the Summer”, que havia sido tocada em Itu em 2010 logo na abertura.
Para muitos, o show do QoTSA no Lollapalooza não superou a apresentação do SWU, mas outro contingente nada desprezível de pessoas estava vendo o grupo pela primeira vez. E considerou o espetáculo em São Paulo memorável, ainda mais porque o público foi presenteado com uma música nova que não havia sido tocada em nenhum lugar do planeta ao vivo. O fato é que, quem participou do evento, curtiu demais!
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