Prince está de volta fazendo barulho. O pequeno notável de Minneapolis lança "20Ten", álbum que chega causando polêmica, o que poderia, se não fosse o grande artista que é, ofuscar sua música.Os excessos que acompanham sua carreira há tempos estão quase todos reunidos em "20Ten". A começar pelo colorido projeto gráfico da capa, passando pelo símbolo que criou para representar seu nome.
A grande surpresa dessa vez foi o modo como resolveu distribuir o disco, encartado nas edições de 10 de julho dos jornais britânicos Daily Mirror e Daily Record. O que chama atenção também é o discurso que o astro vem fazendo contra a venda de música na internet.
Mas quem estiver disposto a se concentrar no som pode se deliciar com uma espécie de revival do começo de sua carreira, de álbuns como "Dirty Mind", "Controversy" e "1999" (lançados respectivamente em 1980, 1981 e 1982).
Tudo o que caracteriza a obra de Prince está em 20Ten. A fusão de rock, soul e gospel da faixa de abertura "Compassion", a bela melodia de "Future Soul Song" até a escondida, quase épica "Laydown", todas com tempero anos 80, mas sem cheiro de naftalina. Prince recarrega seu trabalho com o que fez de melhor, recurso perfeito para reconquistar antigos fãs e atrair uma geração que pouco conhece sua música.
Um exemplo da influência do som do mestre na produção atual é a faixa "Lavaux", que já faz parte da programação da Rádio Eldorado FM (92,9 - SP). Os timbres de teclados, a programação de bateria, a guitarra funkeada, todas essas referências são usadas a exaustão por gente como o produtor Timbaland, ou pela dupla francesa Justice, só para citar alguns fãs confessos do cantor.