'No ano que vem, vamos usar lugares mais seguros, diz Juca Ferreira

Julio Maria - O Estado de S.Paulo

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Por Redação
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O secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, disse que pode repensar alguns pontos para a Virada Cultural de 2014. Ele não considerou o evento deste ano mais violento que em outras edições e repudiou a associação entre o público do rap com os episódios de arrastão. "Quem quer fazer baderna não quer saber de música. Posso colocar Beethoven no centro de São Paulo que os baderneiros estarão lá", disse em entrevista ao Estado.  Por que esta Virada foi mais violenta do que em anos anteriores? Isso não está comprovado. O comando da operação diz até que foi nos mesmos parâmetros que no ano passado. Mas não há relação alguma com a presença do hip hop, por exemplo, porque nos palcos do hip hop não aconteceu nada. O hip hop mostrou que sua presença só engrandece a festa. Houve alguma crise entre a Polícia Militar e a Secretaria Municipal de Cultura? Isso é invenção, tem horas que a imprensa inventa algo. Disseram que a secretaria queria convencer os coronéis a não dar entrevista. Não conversei com nenhum coronel da PM para isso. Podem checar meu celular. O coronel disse que há 30 anos não via uma integração tão grande. A Virada foi segura. Os incidentes foram na madrugada. O senhor ficou a noite inteira? Não, eu fui para casa por volta de 1h30 da manhã. E passei na República e notei que ali estava escuro. Falei com o prefeito (Fernando Haddad) que vamos ter de redefinir a iluminação do centro, que é ruim. Presenciamos na madrugada muitas brigas e casos de arrastão. Em um deles, a PM não fez nada para resolver o problema. Eu não diria que a PM fez corpo mole, não tenho indícios para isso. O comandante disse que, se houve isso, vai apurar. O que poderia mudar para a Virada do ano que vem? Houve méritos. A ideia da curadoria é um ganho. Só houve dois atrasos em shows. A Viradinha é um sucesso. Agora, vejo como possibilidades de melhorar a programação e concentrá-la, durante as madrugadas, em locais mais seguros, evitando qualquer área de insegurança. Não abolir o show de rua, mas fazer um planejamento com a polícia. Cruzar o mapa de ocorrências com o da Virada para fazer um trabalho técnico de localizar problemas de segurança. E o centro precisa de uma iluminação melhor. Associar os problemas deste ano com a mudança de perfil do público da Virada, com mais atrações trazidas da periferia, pode render alguma discussão além do preconceito? É um preconceito. Eu vi muita gente popular na Daniela Mercury, no Fagner. Essa turma que vem da periferia vem para participar da festa. Quem vem para aprontar não quer saber da programação. A discussão de segurança é prejudicada pelo preconceito e autoritarismo por parte das estruturas de pensamento. O cara da periferia tem o mesmo sentimento de deleite que o da classe média. Um gosta de funk, outro de música sinfônica. No Rio de Janeiro, fizeram uma associação dos ônibus que vinham da zona norte com os arrastões nas praias. Os ônibus continuaram lá e os arrastões acabaram.

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