Estadão
11 de abril de 2013 | 17h12
Reynaldo Trombini – site Metal Clube
São 17 anos de estrada, sempre representando com orgulho o Death Metal brasileiro. O Nervochaos, ícone da nossa cena, comemora o lançamento de “To the Death” (2012), recente trabalho de estúdio.
O Metal Clube conversou com o baterista Edu Lane, fundador da banda, que nos contou sobre a repercussão do novo trabalho e turnês no exterior. Confira!
Metal Clube – A banda possui mais de 15 anos de carreira e reconhecimento no Brasil e exterior. Quais as boas experiências que vocês carregam de todos esses anos para a atualidade de seu som?
Edu – Este ano vamos completar 17 anos ininterruptos de carreira e acho que a maior conquista é poder continuar na ativa, fazendo turnês, lançando material e tendo cada vez mais apoio do público e da imprensa. Tudo isso são frutos do árduo trabalho de anos, mas quando se faz aquilo que ama, não há obstáculo intransponível ou dificuldade insuperável.
Tocar numa banda de música extrema e estar na estrada, em turnê, definitivamente não é para qualquer um. Com a experiência é nítida a evolução da banda e também a atual formação tem sido bastante solida e entrosada. Toda essa bagagem reflete diretamente no nosso som atualmente.
Metal Clube – O Death Metal brasileiro tem mostrado ao público muitas bandas ao longo dos últimos anos. O que vocês têm acompanhado sobre a atualidade do cenário? Como o NervoChaos tem feito para manter-se em alto nível nos últimos anos e, consequentemente, conseguir destaque em meio a várias novidades?
Edu – O Brasil certamente é um dos mais importantes berços da música extrema mundial e de fato existem diversas bandas excelentes, tanto mais antigas, como mais atuais. Nós vivemos o underground então estamos sempre acompanhando as novidades, em especial por estarmos constantemente na estrada, isso nos faz conhecer novas bandas e seus respectivos trabalhos, além de manter nos atualizados.
Como disse anteriormente, quando se faz aquilo que ama e acredita, você consegue atingir ótimos níveis, mas somente o tempo irá mostrar quem veio para ficar e/ou quem entrou nessa por algum modismo. Seria injusto citar alguns nomes, pois são muitas bandas e certamente eu acabaria esquecendo alguns nomes o que não seria legal. A cena nacional é a nossa escola e a nossa casa. Acreditamos que somente bandas que são estradeiras vão acabar permanecendo em destaque e se mantendo com alto nível.
Metal Clube – “To the Death”, novo disco, tem sido considerado o melhor disco da carreira da banda pela crítica especializada, além de receber elogio dos fãs. Como a banda avalia o resultado final do disco se comparado com seus antecessores?
Edu – Obrigado pelas palavras. Nós sempre procuramos superar o trabalho anterior e trabalhamos duro para buscar esse feito. Estamos extremamente satisfeitos com o resultado final do novo CD, em especial pela boa aceitação por parte do público e da crítica. É claro que nunca vamos conseguir agradar a todos e nós mesmos nos cobramos bastante em vários detalhes, mas no geral, “To The Death” mostra a banda bem entrosada, coesa, madura e com certeza esse é o nosso melhor trabalho até o momento. Tivemos algumas mudanças no formato que estávamos acostumados a utilizar para compor e gravar, mas creio que acertamos o caminho. Esperamos superar o “To The Death” com o nosso próximo CD de estúdio.
Metal Clube – Podemos notar que a essência da sonoridade do grupo ainda está vida no novo disco. Fale-nos um pouco sobre a principal preocupação nas gravações de “To the Death” e qual foi a real proposta da banda ao entrar em estúdio.
Edu – Todos os nossos discos são muito importantes para nós, mostram uma fase/etapa da banda e temos orgulho de todos os nossos lançamentos. Estamos sempre em busca da nossa sonoridade própria e de evoluir como banda e como músicos, mas sem perder a nossa essência, a nossa proposta inicial.
Nós nunca nos prendemos a rótulos pré-estipulados e sempre navegamos livremente pelas diversas vertentes da música extrema. Trabalhamos sempre para superar o trabalho anterior e com o novo CD não foi diferente. Fizemos algumas coisas inéditas para nós, como irmos viajar para gravar, ficando 10 dias totalmente e exclusivamente focados na gravação do material.
Além disso, neste disco houve a colaboração coletiva na hora da composição e foi a primeira vez que mixamos e masterizamos o disco no exterior. Acho que somando tudo isso, conseguimos superar o “Battalions of Hate”.
Metal Clube – O novo disco foi lançado pela conhecida gravadora Cogumelo Records. Como é para a banda trabalhar com uma gravadora referência no Metal nacional, tendo lançado nomes importante da nossa cena?
Edu – É uma honra e um enorme prazer. Estamos muito contentes com a parceria com a Cogumelo que para nós é a melhor e maior gravadora nacional do estilo. São 30 anos totalmente dedicados à cena nacional e todas as bandas nacionais que curtimos e que nos influenciam fizeram ou fazem parte do cast da gravadora. Além disso, eles têm uma excelente distribuição e esperamos que essa parceria seja duradora e que a Cogumelo esteja tão contente conosco assim como nós estamos com eles.
Metal Clube – O NervoChaos já dividiu palco com grandes nomes internacionais e tocou por várias localidades brasileiras ao longo de sua trajetória. Após 17 anos, o que a banda traz de ensinamento sobre as apresentações no underground? Alguma grande diferença entre o público de hoje com o de anos atrás?
Edu – Sinceramente, há diferenças culturais e regionais, mas headbanger é headbanger em qualquer lugar do mundo. São muitas nações, mas somente um underground. Não importa a sua classe social, o seu credo, a sua raça ou qualquer outra coisa, somos todos unidos pelo verdadeiro Metal underground.
Além disso, nós acreditamos que uma banda de verdade se faz ao vivo, sendo estradeira e é isso que nós seguimos a risca. Fazemos somente aquilo que gostamos para as pessoas que apreciam o nosso trabalho. Ao longo dos anos fizemos diversos amigos e fãs e é sempre extremamente gratificante para nós estarmos na estrada, divulgando o nosso trabalho e nos encontrarmos com essas pessoas. Antigamente tudo era mais difícil, mas por outro lado tudo era novidade também.
Não temos do que reclamar, pois acredito que a mudança que desejamos deve partir de nós mesmos primeiro, então ao invés de reclamar optamos por trabalhar e cair na estrada. O sucesso para nós é estarmos na ativa, fazendo turnês e lançando materiais.
Metal Clube – Aproveitando, a banda saiu em turnê na Europa pelo ano passado com shows na Alemanha, Republica Tcheca, Espanha e Itália. Fale-nos como foi esse período de show longe do país.
Edu – Foi a nossa terceira turnê pela Europa e estamos trabalhando forte para ir conquistando o nosso espaço e reconhecimento por lá. A primeira turnê foi em 2008 e a segunda em 2011 junto com o Ragnarok. Nesta última turnê, em 2012, foi a primeira vez que trabalhamos com o pessoal da agência Roadmaster e a turnê foi excelente.
Já nos rendeu excelentes frutos, pois estamos voltando para mais uma turnê Europeia agora em Abril. É sempre muito bom poder viajar e encontrar com as pessoas que vivem o underground e que também curtem o nosso trabalho. É uma longa e tortuosa estrada até o topo, mas estamos nessa até a morte.
Metal Clube – A banda pretende gravar um DVD em 2013. Há quantas anda esse projeto e o que os fãs podem esperar desse trabalho?
Edu – É verdade. Estamos trabalhando pesado nesse projeto que será algo totalmente especial para nós e para os nossos fãs. Será a primeira vez que iremos fazer algo nesse formato e por isso decidimos fazer algo bem especial.
Serão 2 DVDs mais 1 CD ao vivo. O primeiro DVD será sobre a atual formação e a atual turnê da banda, que teve início em Janeiro de 2012. O segundo DVD será um documentário sobre a história da banda, desde a sua formação, em Setembro de 1996, até Janeiro de 2012 onde se inicia o primeiro DVD.
O CD será um ao vivo bem mais completo do que o anterior que lançamos em 2011, o ‘Live Rituals’. Além disso, o pacote virá com um livro ilustrado com diversas fotos e toda a história da banda. Acredito que até Setembro deste ano esse projeto estará disponível para venda. Fora isso, em 2013, teremos o “To The Death” lançado em formato vinil e queremos também relançar o nosso primeiro CD “Pay Back Time”, com mudanças no encarte e faixas bônus.
Metal Clube – Quais os planos para 2013? Deixe um recado para os fãs da banda e para nossos leitores!
Edu – Além dos lançamentos que mencionei acima, estamos dando prosseguimento a nossa turnê do “To The Death”, onde voltaremos para Europa, para Argentina e para Bolívia, além de tocarmos pelo Brasil também. Estamos trabalhando no processo de composição do nosso próximo álbum de estúdio que pretendemos lançar em 2014.
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