Monkees anunciam retorno e turnê pelos Estados Unidos

Marcelo Moreira

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Por Redação
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Outro cadáver insepulto ressurge no mundo pop. O trio remanescente da banda norte-americana The Monkees anunciou que vai fazer uma turnê pelos Estados Unidos ainda neste ano. Serão 24 shows entre julho e agosto, trazendo Michael Nesmith (guitarra e vocais), Peter Tork (guitarra, baixo e vocais de apoio) e Micky Dolenz (vocais e ocasionalmente bateria), além de músicos de apoio. Davy Jones, o vocalista principal (ou mais assíduo) morreu no ano passado, aos 66 anos, vítima de ataque cardíaco.

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Nenhum comunicado oficial esclareceu os motivos de essa reunião ter sido anunciada somente agora, após a morte de Jones. Até onde se sabe, algumas conversas sobre novos shows com a formação original ocorriam desde 2010, mas nada conclusivo até a morte do vocalista inglês, o único não americano da banda.

Criada como uma resposta aos Beatles, a banda foi ideia de produtores de uma emissora de TV. No início, deveria ser apenas uma atração de TV - começou como um seriado -, com a realização de shows ocasionais.

Os músicos/atores (mais atores do que realmente músicos) foram selecionados em 1965 a partir de audições específicas e concursos. Os quatro selecionados começaram a gravar os episódios da série no ano seguinte em um ritmo frenético, enquanto gravavam músicas pop de vários compositores, alguns contratados exclusivamente para abastecer os álbuns.

A "armação" deu tão certo que os shows e os álbuns ficaram tão importantes quando o seriado de TV, e os Monkees se tornaram de fato uma banda de pop/rock no verdadeiro sentido da palavra, fazendo turnês extensas com músicos de apoio.

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Tanto que o seriado acabou depois de três temporadas, em 1968, mas a banda continuou existindo sem vínculos com a emissora de TV - e sem as amarras que os impediam de gravar suas próprias composições, brecadas pelos produtores musicais.

Ironicamente, o fim do seriado na TV foi o início do declínio, já que o tipo de pop bobinho, açucarado e inofensivo havia muito tempo estava fora de moda, atropelado pelo movimento hippie, pela psicodelia e pelas canções de protesto. Ainda houve tempo para um projeto ambicioso, a filmagem de um longa-metragem, "Head", que fracassou nas bilheterias.

Os álbuns deixaram de vender como antes e os desentendimentos entre os quatro se tornaram mais frequentes. Peter Tork saiu em 1969 e Nesmith, no seguinte. Dolenz e Jones até tentaram levar adiante a banda como um duo, mas o fim foi inevitável em 1972.

Ao longo dos anos os quatro fizeram turnês solo com o material dos Monkees, até que houve uma tentativa de volta da formação original nos anos 80, sem sucesso. A partir de então Nesmith decidiu não mais participar de qualquer reunião oficial - comparecia apenas a eventos específicos, em shows esparsos de celebração.

Os Monkees foram uma armação? Sim, uma banda inventada por um produtor e fabricada em um estúdio de televisão, mas ganhou vida própria, e teve muitos méritos nisso - inclusive para romper com "pais" da ideia e seguirem caminhando por si só, mesmo com o risco - enorme - de insucesso. Tiveram coragem e pulso para encarar esse desafio e superaram, ainda que por pouco tempo, a pecha de "banda artificial" - algo como um Menudo da vida.

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De qualquer forma, a volta do grupo não passa de mera curiosidade, muito diferente do Black Sabbath, por exemplo, cuja volta da formação original foi esperada por todo o mundo musical.

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