Metallica faz show demolidor e arrebata o Rio

Pedro Antunes

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Por Redação
Atualização:

Nenhuma música executada nos primeiros três dias de Rock in Rio poderia significar mais do que Master of Puppets, dos veteranos do heavy metal Metallica, para tentar explicar o furacão que passou por ali. Pinçada do disco de 1986, ou seja, de 25 anos atrás, ela sintetiza o melhor da banda - vocais raivosos, guitarras poderosas, baixo trabalhado e bateria agressiva - numa letra que mostra um mestre e suas marionetes.

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É uma relação de poder e domínio. Quando o Metallica pisou no Palco Mundo, na madrugada de domingo para segunda, às 1h19, era como se fossem os mestres e, ao puxar as cordas, controlassem o público. Classuda, a banda entrou no palco ao som de The Ecstasy of Gold, do italiano Ennio Morricone, e com cenas do faroeste Três Homens em Conflito (1966).

Em mais de duas horas de som, a banda transformou o dia do metal no "dia do Metallica e outras bandas aí", tal foi sua performance - e o envolvimento com os 100 mil pagantes, um mar de camisetas negras e mãos ao alto fazendo chifrinho, símbolo do metal.

Mesmo tendo passado pelo Brasil há um ano e meio, a banda se mostrou afiada e com vontade de tornar a noite memorável. A pancadaria sonora já havia começado com o Motörhead, do vocalista Lemmy Kilmister, e os mascarados do Slipknot, mas nada se comparou a eles ou muito menos às noites anteriores, fechadas por Rihanna e Red Hot Chili Peppers.

Completando 30 anos em 2011, a banda domina completamente a massa. Faz o que há de melhor em heavy metal de arena. Os vocais do carismático James Hetfield acentuam sempre a última palavra de cada verso, para que mesmo aquele que não saiba a letra acompanhe, balbuciando.

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Ao chegar à terceira década de existência, o Metallica mantém sua produção nos estúdios, mas não com tanta frequência - o último disco, Death Magnetic, é de 2008. O negócio deles é tocar ao vivo.

 Foto: Estadão

A vibração do público deve ser viciante, porque a banda não se cansa de clássicos, como Creeping Death e For Whom The Bell Tolls, que tocaram no início do show e já têm, veja só, 26 anos de idade. Na primeira delas, voz, guitarra e baixo pararam, e apenas Lars Ulrich manteve a bateria pulsante. Os fãs cantaram sozinhos. Vocalista, guitarrista e mestre de marionetes, James Hetfield os regeu.

Erro e muitos acertos

A aposta em clássicos ajudou a transformar a apresentação em algo memorável. Canções de discos medianos, como Load (1996) e St. Anger (2003), ficaram de fora do set list e isso parece não ter feito a menor diferença. "Vocês estão bem? Queremos que vocês sintam o que sentimos", gritou Hetfield, empolgado, antes de Fuel, a melhor de um álbum de gosto duvidoso (Reload, de 1997).

Mas nem uma noite de sucessos está livre de falhas: em Fade to Black, a guitarra de Hetfield perdeu a distorção habitual. "Normalmente, é mais pesado, mas vocês entenderam a ideia", brincou ele, para ganhar a plateia. Até o Metallica erra. Mas eles sabem dar a volta por cima.

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O baixista Robert Trujillo, que entrou na banda em 2003, caminhava imitando um macaco e solou tocando apenas uma corda, desafinando-a, manualmente, para fazer a variação sonora. Já o virtuoso Kirk Hammett arriscou alguns segundos de Samba de Uma Nota Só, de Tom Jobim, durante o seu solo, para êxtase geral.

 

 Foto: Estadão

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Sacaram, ainda, outros hits, como One, Blackened e Nothing Else Matters, mas nada chegou aos pés da catarse em Enter Sandman. O chão do Rock in Rio, literalmente, tremeu com os pulos da multidão.

A banda saiu e voltou logo para o bis, finalizado com a poderosa Seek and Destroy, quando balões negros com o símbolo do Metallica foram jogados ao público. Em completa entrega, o grupo parecia não querer sair do palco. Ficaria lá por outros 5 minutos, agradecendo, arremessando palhetas e baquetas. E o baterista Lars Ulrich fez a graça de sempre: cuspiu água nos fãs que, pasme, pareceram adorar.

Metallica e público, mestres e bonecos, concorrem com favoritismo para se tornarem o melhor show da quarta edição do Rock in Rio no Brasil. E, mais do que isso, mostraram que rock de verdade é mesmo coisa para gente grande.

 

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