Estadão
14 de dezembro de 2012 | 12h00
Marcelo Moreira
Qual foi o último festival itinerante que passou pelo Brasil, organizado por brasileiros? Há que diga que nunca existiu tal fato. Se é assim, então a banda de rock Matanza é pioneira em território nacional. O Matanza Fest já passou por algumas capitais brasileiras e chega neste dia 15 de dezembro a São Paulo.
A banda está aproveitando o minifestival para lançar seu novo álbum, “Thunder Dope”, com raridades e músicas inéditas. Misturando rock and roll e hard rock com letras em português, o Matanza integra um time de artistas nacionais que adotaram o som pesado e letras irônicas e bem humoradas, seguindo a trilha aberta pelo Golpe de Estado ainda nos anos 80.
“Nossa ideia é presentear o público com uma ótima estrutura de show e as melhores bandas que pudermos oferecer. Queremos que seja mesmo como uma festa para nós e para o público, que é sempre o mais importante”, disse o vocalista Jimmy London.
O Matanza Fest estreou dia 2 de dezembro, em Porto Alegre, já passou por Curitiba, Brasília e segue para Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.
As bandas convidadas foram selecionadas não só pela qualidade musical, mas também pela experiência na estrada e pela relevãncia de suas carreiras, como é o caso de Claustrofobia, Ação Direta, Baranga, Gangrena Gasosa, Trampa e Confronto.
O Ação Direta, inclusive, aproveita para ainiciar a divulgação de seu mais novo álbum, “World Freak Show”. O disco teve de Marcello Pompeu e Heros Trench, ambos dsa excelente banda Korzus,e gravado no estúdio Mr. Som, de São Paulo (SP), e será lançado pelos selos Purgatory Records (SE), Death Time Records (MG), Xaninho Discos (PA), Spider Merch (SP) e Equivokke Recordss (SP).
Resgate histórico
“Thunder Dope”, o novo álbum do Matanza, remete diretamente à formação do grupo, em 1996, e conta com a produção de Rafael Ramos, um dos produtores de pop rock mais requisitados do Brasil e ex-integrante da banda Baba Cósmica.
“Em 1996, quando a demo ‘Terror em Dashville’ começou a ser toscamente copiada e distribuída a uns poucos no Rio de Janeiro, o Matanza era uma experiência, não uma banda. O tipo de composição ‘Johnny Cash em 1958’, letras obscuras, num andamento de bateria hardcore parecia uma fórmula que precisava ser testada e desenvolvida. E durante anos o Matanza teve como único objetivo explorar aquele som”, diz o guitarrista Marcos Donida no material de divulgação do trabalho.
“Eram raríssimos shows e praticamente nenhum trabalho com divulgação, mas, de alguma maneira, em estúdio, compondo, a banda rendia. Em 1999 gravam a segunda demo, ‘De Volta A Tombstone’, mas só no ano seguinte, com a gravação ‘do caminhão’, quando surge o então jovem produtor Rafael Ramos, as perspectivas mudam. A história a partir daí é muito bem documentada ao longo da discografia da banda. A anterior, não. Faltava um registro dessas primeiras músicas, desse material que não teve sua devida regravação nos álbuns de estúdio”, segue o guitarrista.
“Gore Doom Jamboree”, por exemplo, a primeira composição oficial da banda, ficou de fora do primeiro álbum. Merecia ser gravada apropriadamente. Muitas foram importantes e não passaram das demos. Outras, nem nas demos entraram.
O que chama a atenção em “Thunder Dope” é o importante trabalho realizado pelos músicos de preservação de sua própria história. É o tipo de preocupação que não existe no rock nacional, onde é comum esse tipo de material desaparecer ou ser completamente ignorado. Que seriva de exemplo para outros artistas importantes do rock nacional.
Matanza Fest – Edição São Paulo / SP
Data: 15 de Dezembro
Cidade: São Paulo
Local: A Seringueira – Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca
Preço: de R$20 a R$70
Programação:
20h – Abertura das portas.
21h – Nervochaos.
21:50 – Trampa.
22:40 – Ação Direta.
23:30 – Claustrofobia.
00:20 – Baranga.
01:30 – Matanza.
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