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Marcelo Camelo apostando no silêncio

Emanuel Bomfim

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Por Redação
Atualização:

Marcelo Camelo acaba de voltar de Nova York. Foi acompanhar Mallu Magalhães em show por lá, na consagração de um projeto que se envolveu de corpo e alma como namorado, produtor e amigo. Os dois moram no Rio, "numa vida gostosa, calma e silenciosa".

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Camelo não está com disco novo na agulha, mas muitos querem vê-lo ao vivo. Passou todo o primeiro semestre nos braços de uma multidão que queria Los Hermanos. Clima de estádio, reencontro com amigos de longa data e fãs em êxtase.

Agora, o carioca vai encarar plateias comportadas para uma série de apresentações no formato voz e violão, a começar no próximo dia 15, no Teatro Bradesco. Gosta da ideia de reproduzir a pureza de suas composições, dotadas do mesmo sentimentalismo que se vê quando ele fala da vida e da carreira.

 Foto: Estadão

Como foi o show da Mallu em Nova York?

Fantástico. O teatro estava sold out. Ela tocou no MoMA e foi aplaudida de pé.

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Participar diretamente do trabalho da Mallu foi natural ou precisou de um convite?

Teve que rolar um convite... Quer dizer, a gente foi meio se aproximando nessa direção. Eu entendo a arte, e por ser artista, como uma representação de seu inconsciente mais profundo. É um espaço que deve ser muito respeitado, entende? A gente sabe disso, por isso vai conjugando com delicadeza.

Ainda incomoda a imprensa que quer saber do seu relacionamento com a Mallu?

Não acontece muito não, pra ser sincero. É sempre um apêndice da minha música.

Mas isso não gera uma neura?

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Não... Esse lado da imprensa acho bem bizarro, na verdade. Eu estava vendo esse negócio do Robert Pattinson com a Kristen Stewart... É muito doentio o que se faz. O olhar que se tem sobre isso me parece mais recriminável do que qualquer coisa que um dos dois possa fazer.

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Quando se apaixonou pela música da pianista Guiomar Novaes?

O primeiro vento que soprou foi no filme do João Moreira Salles sobre o Nelson Freire. Eu fico arrepiado de falar dela. É a pessoa mais importante musicalmente em minha vida. Eu não tinha uma relação com o piano solo, e fui procurar, ouvir as coisas, saber quem eram os caras mais importantes, como o Glenn Gould. Até que caí num disco da Guiomar Novaes, o último que ela gravou em vida. Cara... Ninguém nunca tocou piano daquele jeito. É a coisa mais impressionante que eu já ouvi de um instrumentista.

Ela se tornou presente em algumas de suas composições?

Sempre está presente. O meu primeiro disco, Sou, é totalmente baseado nela.

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Que avaliação você faz da turnê com o Los Hermanos?

Foi muito legal. Me impressionou muito como a banda cresceu em quantidade de público desde que a gente parou. No show, via muitos barrigudinhos como nós e uma juventude cheirosa, interessada, pulando lá na frente do palco.

Porque o Los Hermanos deu certo?

Porque a banda era boa.

Mas está cheio de artistas bons que não emplacam.

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É verdade. Talvez tenha a ver com uma geração que não tinha voz. Um tipo de pessoa, mais do que uma geração. Um tipo de gente sobre o qual não se falava. A música que se tinha até então era a do vitorioso, a música do cara mais legal da sala de aula. Só que sala de aula tem uma cara legal e 40 que não são. Me sentia um desses 40. Talvez seja isso.

Gostou do primeiro show voz e violão no Auditório Ibirapuera?

Sim, mas eu estava muito nervoso. Achava que ia ser uma tentativa de estender meu estado mais natural para o palco, fazer disso um movimento menos transformador da minha personalidade. Mas na hora você fala: "Putz, que imbecil que eu fui. Essa parada é muito pior do que tocar com uma banda!"

O rock já passou pra você?

Acho que não. O rock tem uma força de expressão que é única. A banda que me fez começar foi o Acabou La Tequila, do Kassin. Eu me lembro de uma entrevista com eles que a gente perguntou: "Como é que vocês definem o estilo de vocês?" E eles disseram: "A gente mistura rock com música". Fantástico, não é?

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