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Magic Slim, um dos mais internacionais do blues

de O Estado de S. Paulo

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Por Redação
Atualização:

O bluesman Magic Slim morreu na Filadélfia, na tarde de quarta-feira, aos 75 anos. Slim estava internado desde janeiro depois de passar mal devido a problemas respiratórios. De sua geração, apenas ele e BB King faziam shows de blues pelo mundo.

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Três acordes - Em meados da década de 40, no pequeno vilarejo de Torrence, no Mississippi, entre muitas plantações e poucas ruas, Morris Holt, um garoto negro nascido em agosto de 1937, dividia seu tempo entre o árduo trabalho na lavoura e a música - no coral da igreja e à frente do piano.

E então, quando manuseava um descaroçador de algodão, Holt teve o quinto dedo da mão direita prensado e decepado por uma das moendas de sua ferramenta. Estava traçado o destino. "Depois do acidente, como não poderia mais continuar no piano, comecei a tocar guitarra", contou o bluesman ao 'Estado' em 10 de setembro de 2011.

Quando perdeu o mindinho e se conformou de que precisaria desenvolver suas habilidades em outro instrumento, com dez anos sequer completados, Morris Holt tratou logo de agilizar o processo: com cerdas de uma vassoura da casa, improvisou o que entendia ser uma guitarra.

O bluesman Magic Slim

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Grenada, para onde foi pouco depois, não era muito maior que sua terra natal. Não fez diferença, no entanto, quantas lojas havia ou quantas pessoas lá viviam. Já a camaradagem que construiu com um músico que encontrou na nova cidade, sim. Samuel Gene Maghett, ou Magic Sam para os íntimos, deu ao pupilo o privilégio de carregar consigo o título de mágico e um ensinamento precioso. "Sam me mostrou muito, mas, principalmente, me disse para que criasse um jeito próprio de tocar. E foi o que fiz".

Foi na companhia do parceiro que Magic Slim aportou em Chicago, em 1955. Depois de assumir a função de baixista na banda de Magic Sam por um curto período, inseguro com a qualidade de sua música, o jovem Morris Holt voltou para casa, deu a dois de seus irmãos baixo e bateria e formou o trio que seria batizado como Teardrops

. Mais habilidosos, os três rumaram novamente à cidade do blues e aos poucos foram ocupando os espaços - bares, cabarés e casas de show - que lhes eram devidos.

Com mais de trinta discos gravados, Magic Slim tinha boa parte da sua produção dividida entre os selos Wolf Records e Blind Pig Records. Seu último trabalho, Raising the Bar, foi lançado em 2010 e segue à risca o que o mágico propõe: composições novas e antigas, interpretadas com o mesmo vigor daquele blues visceral da Chicago dos anos 50. De sua geração, apenas ele e BB King faziam shows de blues pelo mundo

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