King of Leon, a caminho da maturidade

Pedro Antunes

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Por Redação
Atualização:

A família Followill teve de se contentar com as comparações com os The Strokes por muito tempo. Quando vieram ao Brasil pela primeira vez, em 2005, ainda com cabelos enormes e visual hippie, eles eram apenas uma banda de abertura. Cinco anos se passaram e o Kings of Leon atingiu um outro nível. No dia 10 de outubro, no segundo dia do Festival SWU, eles eram uma das principais atrações.

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O grande culpado por essa popularização foi o disco "Only by the Night", de 2008, que colocou o quarteto de Nashville, Tennessee, nos EUA, no topo das paradas, com músicas pop com toques indies, como Use Somebody e Sex on Fire. Agora, eles enfrentam a difícil missão de substituir um sucesso que vendeu 6,2 milhões de cópias pelo mundo.

Mas o quinto álbum da banda, "Comes Around Sundown", que acaba de ser lançado, não tem o mesmo potencial pop que seu antecessor. Nele, Kings of Leon soa mais sujo. Lembra uma versão do grunge do início dos anos 90. Logo nos primeiros dias de lançamento, na semana passada, foram 183 mil cópias digitais vendidas. Isso porque já era possível encontrar o álbum para download gratuito na rede.

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Dos vocais de Caleb à bateria de Nathan, da guitarra de Matthew ao baixo de Jared, a banda mostra uma evolução em termos musicais e rítmicos. A voz de Caleb soa mais rasgada e sofrida do que em "Only By The Night". Em nada lembra o som grave e desafinado dos primeiros álbuns. Nas cordas, Matthew e Jared começam a mostrar mais aptidão em criar linhas de guitarra e baixo mais interessantes e ousadas.

Toda evolução tem um preço. Neste caso, é a falta de hits. Aqueles que arrastam multidões para os shows. Como ocorreu em "Only By The Night".

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 Mas isso pode ser visto de uma forma positiva. No geral, as canções de "Comes Around Sundown" são boas o bastante e ajudam a sedimentar uma boa carteira de opções para um set list e, talvez, evitar o que aconteceu durante o SWU, quando muitas pessoas estavam ali apenas para ouvir "Use Somebody".

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E depois de ouvi-la, já no bis, muitas dessas pessoas viraram as costas e foram embora, ignorando que a banda tocava. O que também pode indicar que o show do grupo não empolgou todo mundo.

Mais emotivo

A temática do novo álbum é mais sombria. Em nada lembra as animadas canções do "Youth and Young Manhood" (2003) e "Aha Shake Heartbreak" (2004), dois primeiros discos da banda. Se antes o som era tão bairrista que era possível sentir o cheiro da grama verde dos campos do interior do Tennessee, agora o que se sente é um clima carregado e mais emotivo.

Como o próprio vocalista diz, "Come Around Sundown" não é um disco para se gostar pela primeira vez. Ele sentiu isso. "O álbum vai crescendo aos poucos. Não é como o outro, que de cara dá para ouvir e dizer que é um hit", disse Caleb.

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"The End", primeira faixa, abre a porta para esse novo sentimentalismo. "Correndo das luzes da rua / Brilhando no túmulo / Quando você tiver as coisas boas / Nunca irá se satisfazer", canta Caleb, de forma bastante carregada. Radioactive, que vem na sequência, quebra um pouco o clima pesado com uma guitarra aguda e eletrizante.

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As belas "Pyro", "The Face", "The Immortals" e "Mi Amigo" também se destacam por uma harmonia refinada. "Back Down South" é um suspiro da referência country da banda, facilmente percebida em várias músicas do Kings.

 "Mary", uma das mais pops do disco, ao lado de "Radioactive", tem um refrão meloso com potencial para ser cantada aos gritos femininos em shows. Foram cinco discos em sete anos. "Come Around Sundown" fecha - e bem - um ciclo para o Kings of Leon. "Vamos acalmar agora", avisa Caleb, já sem a barba cheia e de cabelos aparados.

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