James Cotton e as gaitas dão o tom na temporada abarrotada de blues

Marcelo Moreira

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

James Cotton mal conseguiu subir ao palco do Sesc Belenzinho, em São Paulo. Precisou da ajuda dos músicos da banda e de uma assistente. Teve dificuldades até para sentar. Quando colocou a gaita na boca, parecia um menino encantado por estar se apresentando para quase 800 pessoas em um país com pouca tradição blueseira - fato inversamente proporcional à qualidade dos músicos brasileiros do gênero.

PUBLICIDADE

O veterano bluesman norte-americano, ex-companheiro de ninguém menos do que Muddy Waters, fez duas apresentações na capital paulista antes de encerrar o 8º Festival Internacional de Blues de Ilha Comprida (litoral sul do Estado). Além de estar encantado pela receptividade do público, encantou a plateia com a simplicidade com que tocou e com a forma que resgatou o verdadeiro blues de Chicago.

Estar imóvel na cadeira aos 78 anos não foi impedimento para que um dos gaitistas mais importantes da história do blues moderno mostrasse sua técnica precisa e seu feeling assustador em clássicos eternos do blues. Com "I've Got My Mojo Working", transformou a comedoria do Sesc em uma pista de dança, digna de um show de rock. Uma experiência bastante divertida e diferente para o sisudo bluesman, como ele mesmo mesmo mencionou ao final do show.

Cotton foi o grande ás de um mês dedicado ao blues, e justamente julho,considerado o mês do rock. Blues Etílicos, Sergio Duarte, Ivan Marcio, Thomas T. Love Jensen, Flávio Guimarães, Big Chico e o lançamento do novo álbum do guitarrista Nuno Mindelis deram o tom, mostrando ma vitalidade que há tempos o gênero não mostrava no Brasil.

Publicidade

James Cotton no Festival Internacional de Ilha Comprida Foto: Estadão

A situação promete melhorar ainda mais em agosto e em setembro, com um grande festival que pretende reunir três grandes gaitistas norte americanos pelo interior de São Paulo, com provável apoio do Sesc e organização do guitarrista Igor Prado, um dos grandes nomes do blues do Brasil.

A turnê West Coast Harp Legends é uma iniciativa que pretende trazer ao país gaitistas da Califórnia, que são menos tradicionalistas do que os blueseiros de Chicago, além de incorporar elementos de outros gêneros musicais. Estão confirmadas as presenças do excelente Rod Piazza, talvez o mais conhecido gaitista da atualidade, de Lynwood Slim, que é parceiro de Igor Prado, e Mitch Kashmar, tendo o próprio Prado e o extraordinário pianista brasileiro Ari Borger como banda de apoio. Já estão agendadas datas em Taubaté, Ribeirão Preto e Presidente Prudente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.