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Hangar inventa o workshow nos palcos brasileiros

Marcelo Moreira

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Por Redação
Atualização:

Em um país com pouca tradicional roqueira, e menos ainda em heavy metal, as bandas precisam se virar se quiserem acontecer. Por isso é que o Hangar "inventou" o workshow para driblar a falta de apoio e até mesmo a de público.

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A novidade já faz parte do cotidiano do Hangar desde pelo menos 2009. Com patrocínios fortes e até mesmo um incrementado ônibus de turnê exclusivo, o quinteto sulista tem rodado o Brasil tocando bastante e fazendo palestras - e dando aulas - após os shows. Cansativo?

"Prazeroso", afirma o baterista Aquiles Priester, ex-músico do Angra e um dos instrumentistas brasileiros de rock mais conhecido no exterior. "Conseguimos aliar dois aspectos de nosso trabalho em um mesmo evento. Quem contrata o Hangar compra um show de heavy metal, que é a nossa formação e nosso estilo, e um workshop. Dependendo do local e do contratante, entremeamos a apresentação com as aulas e palestras, ou então as deixamos para o fim do evento."

A solução criativa apareceu como forma de ocupar mais a agenda do Hangar, que desde 2009 divulga no Brasil e no exterior seu último álbum, "Infallible", fartamente elogiado em revistas especializadas.

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 Foto: Estadão

Se por um lado o Brasil vive há três anos um boom de shows internacionais de qualidade, praticamente ignora o segmentado heavy metal nacional. "Até que não podemos reclamar de nossa agenda, mas nem todo mundo tem as condições de Angra e Sepultura, por exemplo, que fizeram uma turnê brasileira conjunta de muito sucesso. Ainda faltam muitas oportunidades. E o que espanta é o desconhecimento dos promotores de shows pelo interior do Brasil, que têm pouca informação a respeito do tamanho do público de rock pesado e das ótimas oportunidades de negócio", diz Priester

Os workshows do Hangar também estão servindo para divulgar a autobiografia do baterista, "Priester - Biografia Oficial - de Fã a Ídolo - Aquiles Polvo Priester". Ao contrário do que poderíamos supor, o livro de um ás do instrumento é mais um relato descontraído - e, de certa forma, descompromissado - de como é duro ser músico extremamente técnico tocando um gênero ultra-segmentado no Brasil.

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Entre os (poucos) livros que tratam do rock brasileiro que não toca nas emissoras de rádio, a obra de Priester é que melhor conseguiu mostrar, com certo sabor e muita informação, como são os bastidores musicais de um escalão intermediário no Brasil - relacionamentos entre músicos, brigas, disputas comerciais, administração caótica dos negócios e situações bastante complicadas na hora de acertar shows e lidar com "promotores" amadores e/ou picaretas ao extremo.

"Consegui certo destaque e prestígio em 20 anos de carreira, mas fiz questão de demonstrar, e espero que tenha conseguido, o quanto foi difícil chegar até aqui e como continua sendo quando as bandas ainda não atingiram certos patamares de popularidade", afirma o baterista. "O lado glamouroso de ter tocando com Angra convive com outro lado de 'ralação' total, de horas e mais horas de estudo diárias, de carregar equipamento nas costas e estar sujeito a tomar 'chapéu' de vez em quando."

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A sinceridade durante o texto pode chocar. Priester abusa da informalidade, mas conseguiu equilibrar aquilo que seria uma conversa gostosa de boteco com passagens pessoais mais densas e importantes. Amenizou ao relatar certas circunstâncias, mas não muito. "Se a ideia era mostrar como eu me tornei um músico prestigiado, então as 'caneladas' e 'tropeços' não poderiam ficar de fora."

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Nada mal para um instrumentista que quase foi substituiu Mike Portnoy no Dream Theater em 2010, a julgar pelas "certezas" declaradas em diversos fóruns musicais nos Estados Unidos. "Todo dia eu acordava como novo integrante da banda, segundo sei lá quem. Muito curioso, mas ao mesmo tempo assustador. Sinal de ando tocando direitinho e agradando", finaliza Priester bem humorado, horas antes de embarcar para Los Angeles neste começo de 2011 para oarticipar da feira musical NAMM.

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