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Faith No More toca poucos hits, mas Patton ganha a plateia com irreverência

Adriana Dal Ré *

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Por Redação
Atualização:

Era 1h30 da manhã de ontem. A chuva não parava de cair e os pés, cansados e enlameados, já suplicavam por deixar o Parque Brasil 500 para trás. Mas, minutos depois, quando a banda Faith No More subiu ao palco Energia, Mike Patton e cia. mostraram logo que havia valido a pena esperar o show, que encerrou o terceiro e último dia de SWU, em Paulínia.

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Patton sempre foi um roqueiro adoravelmente bagaceira, desde quando se juntou ao grupo no final da década de 80 e reinou à frente dele ao longo dos anos 90. Mas seu status quo de vocalista irreverente só se fortaleceu com o passar dos anos.

Quem primeiro surgiu no palco foi o pernambucano Cacau Gomes, que se autodefiniu como "poeta, agitador cultural e traficante de livros", com um discurso sobre a difícil vida do artista no Brasil. A sensação do público foi de estranhamento. Em seguida, ele chamou Faith No More. E, então, estava tudo explicado.

Patton, que já vinha flertando com questões sociais brasileiras, ao se apresentar com a Sinfônica Heliópolis no Rock in Rio, apareceu vestido de pai de santo. Com um cenário que mais lembrava um terreiro - e com os outros integrantes também de branco -, ele abriu a apresentação com o medley de Woodpecker From Mars e Delilah.

Quem esperava por um hit o recebeu na sequência, em From Out Of Nowhere. Aliás, a banda optou por abdicar de um repertório repleto de sucessos - não que alguns deles não estivessem lá, como Epic e Easy - e partiu por um show experimental, não só em termos de set list, mas sonoro também. Patton foi um show à parte.

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Ele gastou seu português em frases como "Tudo bem aí? Com esse tempo de merda...", fez caras e bocas, desceu até a plateia, alternou baladas com rock porradaria com uma voz segura, que conseguia fazer as abruptas transições. E no seu melhor estilo nonsense, encerrou o show com a baladona romântica This Guy's in Love With You, famosa na interpretação de Herb Alpert.

 Foto: Estadão

Antes do "preto véio" baixar em Patton, as bandas Stone Temple Pilots e Alice in Chains protagonizaram um embate grunge nos palcos principais, respectivamente, o Energia e Consciência. Dos dois, o Stone Temple Pilots foi o primeiro a enfrentar, às 22h40, a chuva que esfriou os ânimos da plateia, mas não o bom vocal de Scott Weiland. Mas com músicas como Plush e Big Bang Baby, ele conseguiu alguma reação do público.

E se Weiland é o rei do rehab, William DuVall, vocalista do Alice in Chains (substituindo Layne Staley, que morreu de overdose em 2002) peca pela falta de carisma. Mesmo assim, fãs se emocionaram com Nutshell. Também debaixo de chuva, o show da banda teve outros clássicos, como Them Bones e, claro, Man in The Box, seu principal hit.

Precedendo a ode ao grunge, uma ode à psicodelia, à subversão, ao experimentalismo, à insanidade sonora do Sonic Youth. Ao fim de um show primoroso, o guitarrista Thurston Moore deu a entender que o divórcio com a vocalista Kim Gordon não será o fim da banda. "Espero vê-los em breve", disse.

* Colaboraram Felipe Branco Cruz e Pedro Antunes

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