'É bom estar de volta', diz vocalista do Cake

Pedro Antunes

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Por Redação
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Quando John McCrea estava prestes a lançar seu sexto álbum, Showroom of Compassion, este ano, sentiu uma aflição percorrendo seu corpo. Como o verso do segundo single do disco, "It´s been a long time" ("faz muito tempo", em tradução livre). O último trabalho de inéditas do grupo de Sacramento, na Califórnia (EUA), foi Pressure Chief, lançado há sete anos.

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"Achei que as pessoas já tivessem nos esquecido", disse o músico, em entrevista por telefone. Mas o retorno não poderia ter sido melhor, com o primeiro lugar na lista dos mais vendidos da Billboard, na semana de lançamento. "Isso foi inesperado. Sabe, não somos o tipo de banda que lidera as paradas de vendas", comentou. Na conversa, McCrea falou sobre sua preocupação com o meio ambiente, explicou o motivo da demora para lançar o álbum e ainda mostrou que entende de música brasileira.

JORNAL DA TARDE: Foram sete anos desde o último disco de vocês, 'Pressure Chief'. O que aconteceu? JOHN MCCREA: Nós tivemos que nos reconfigurar. Tivemos que encontrar uma maneira de sair da Columbia Records. As grandes companhias fonográficas estão passando por momentos conturbados. Antigamente, esse era o único jeito de acontecer na música: mandando uma gravação sua para a gravadora. Mas eu não queria mais trabalhar para pagar o salário de pessoas corporativas de Nova York.

JT: Vocês cogitaram selos menores? JC: Até pensamos. Decidimos criar o nosso selo, o Upbeat Records. É duro ter que pensar em divulgação, distribuição, além da parte artística, não? O que mais poderíamos fazer? Temos que crescer. Não estamos nos anos 70. Não dá só para tocar, ir para a TV e usar drogas.

JT: Mas a internet ajuda, não? JC: A internet é uma incrível oportunidade para que os músicos possam ter mais poderes sobre os seus trabalhos e destinos. Mas também é preciso trabalhar mais. Mas a recompensa, no caso de vocês, veio com o primeiro lugar nas paradas. Nossa, essa foi uma grande surpresa. É bom estar de volta. Acho que foi o momento em que lançamos o álbum. Não somos uma banda que lidera as paradas. Lançamos e não estávamos tão confiantes assim. Eu achava que as pessoas já tinham se esquecido da gente. Hoje aparece uma banda nova a cada 30 segundos!

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JT: Sobre o estúdio de vocês, é verdade que é todo configurado para usar energia solar? JC: Voltamos de uma viagem pela Alemanha, que é sempre nublada e fria. Descobrimos que eles são os primeiros no mundo em aproveitamento de energia solar. Ficamos envergonhados. Estamos na Califórnia! Aqui tem sol sempre!

JT: Vocês fizeram uma versão de 'I Will Survive', um cover de Gloria Gaynor. Como é a sua relação com a música: amor ou ódio? JC: (Ele faz uma pausa). Estamos dando um tempo com ela. Acho que voltaremos este ano. A minha versão tem mais raiva. Achamos que seria uma piada, quando gravamos. Mas sofremos até um pouco de preconceito, por ser uma música negra, e não somos negros. Isso acontece aí também?

JT: Já aconteceu muito. Não sei dizer se ainda existe muito racismo musical por aqui. Aliás, você conhece um pouco de música brasileira, certo? JC: Bastante! Gosto muito do Tom Zé. Sempre fui muito fã dele. Da última vez que fomos aí, acho que há uns quatro anos, eu consegui encontrá-lo e gravamos uma música, mas ainda está incompleta.

JT: Gosta de mais alguém? JC: Sim. Gosto de Tim Maia, sou muito fã da Gal Costa, de coisas mais antigas dela. Também sou amigo do pessoal do Los Hermanos. Aliás, como eles estão?

JT: Na verdade, eles deram um tempo. Com qual deles você teve mais contato? JC: Com Marcelo Camelo. Quando nos conhecemos, ele me dizia que queria sair em carreira solo. Eu disse a ele que era uma boa ideia. Ele está indo bem?

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JT: Olha, ele lançou seu segundo disco solo, 'Toque Dela', este ano. JC: Ótimo. Vou procurar ouvir! Ele é um compositor nato. E compositores querem escrever o máximo de música possível. A carreira solo pode ser melhor para isso.

JT: Chegaram a cogitar a presença de vocês em algum dos festivais brasileiros deste ano. Vai rolar? JC: Pensávamos que iríamos esse ano. Estava nos planos. Você precisa perguntar isso aos produtores daí. Diga que topamos!

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