Dionne Bromfield busca maturidade após a morte da madrinha Amy Winehouse

Roberto Nascimento - O Estado de S. Paulo

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Em uma bolsa de apostas sobre quem sucederá Amy Winehouse à coroa de rainha do retrô soul contemporâneo, Dionne Julia Bromfield leva uma curiosa vantagem. Acontece que a jovem cantora foi literalmente amadrinhada pela finada diva.

Sua família tem amizade próxima com os Winehouses, e bem antes da fama, sua mãe pediu a bênção de tia Amy, que por sua vez teve considerável influência na formação musical da garota (um dueto entre as duas no YouTube mostra o precoce talento de Dionne ao interpretar If I Ain't Got You, de Alicia Keys), mesmo que não seja claro quão próximas as duas foram na fase em que Amy habitava seu labirinto de dependência química.

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Mas especular sobre tendências musicais é loteria. Por enquanto, Adele reina soberana no firmamento popular e Dionne tem apenas 15 anos, está no seu segundo disco, e tem muito arroz e feijão para comer.

"Eu canto desde os 10. Assinei com a gravadora aos 12, mas sentia que não tinha maturidade para escrever canções. Afinal de contas, o que uma criança de12 anos sabe sobre relacionamentos, sobre se apaixonar? Por isso, gravei um disco de covers de clássicos do soul", conta a cantora, que se apresenta nesta terça-feira, no Summer Soul Festival, em entrevista ao Estado. O que não quer dizer que sua voz seja infantil ou pouco lapidada. No primeiro disco, Introducing Dionne Bromfield, os covers são benfeitos.

Sua versão de Ain't no Mountain High Enough em nada inova. Os históricos sinos e tremidas de baqueta da introdução estão lá, e sua interpretação é quase uma mímica do script deixado por Tammi Terrell. Mas, talvez pela inocência, por ainda ter acesso fácil a estados de criatividade infantil, o que transparece é o apreço sincero de uma menina talentosa pela música que a influencia - o que é o máximo que um disco de covers reconstruídos à risca pode fazer.

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"Eu ouvia muito doo-wop, soul e girl groups quando era mais jovem", conta Dionne. Sua versão de Mama Said, clássico das Shirelles, é outro exemplo de uma agradável releitura. Por tratar-se de uma abordagem do cancioneiro girl group, que por definição fala de assuntos (primeiro amor, neste caso) pertinentes ao universo teen, Dionne encarna com naturalidade a inocência da letra. No restante do disco, tentar mostrar uma maturidade que não está lá (em Until You Come Back To Me, de Aretha Franklin, por exemplo) seria um desastre. E Dionne mantém-se fiel à sua faixa etária.

Desde o lançamento de Introducing Dionne Bromfield, passaram-se três anos. Eis que em 2011, Dionne voltou determinada com o disco Good For The Soul, que tem composições originais, feitas com arranjos modernos sem perder as referências retrô. "Depois que eu lancei meu primeiro trabalho, não queria bancar a idiota. Não estou aqui para cantar covers. Estou aqui para mostrar a minha música. Poucas pessoas têm a chance que eu tive, então quis mostrar como é a minha vida."

A pergunta que fica é, se nesse meio-tempo, Dionne se apaixonou ou, mais importante ainda, sofreu alguma desilusão amorosa, aquele insubstituível tempero para a voz de qualquer grande diva (tia Amy exprimia vastas quantidades disso).

A resposta indica que Dionne ainda está verde. "Não diria que eu me apaixonei. Mas vi muita gente se apaixonar e se desiludir. Baseio minhas letras frequentemente nas histórias dos meus amigos. Muita gente torce o nariz para isso. Mas eu consigo me relacionar com esses sentimentos dessa maneira", explica.

Visando a atrair um público jovem, que começou a ouvir soul music por causa de Amy Winehouse, o Summer Soul Festival realizará sua segunda edição nesta terça-feira (a primeira, do ano passado, teve um dos últimos shows de Amy como atração principal). Este ano a headliner é Florence Welch, líder da banda Florence + The Machine, que faz pop contemporâneo com viés artístico. Embora não faça soul, seu vozeirão tem doses consideráveis de alma, como mostra o disco Lungs, que tem o excelente hino indie The Dog Days Are Over e a igualmente ótima Rabbit Heart (Raise It Up).

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O outro destaque do festival é o talentoso galã teen Bruno Mars, coautor do onipresente hit Fuck You, lançado por Cee Lo Green em 2010. Mars fez sucesso com Granade e Just The Way You Are , ambas do popular disco Doo-Wops and Hooligans.

SUMMER SOUL FESTIVAL

Horários: Terça, 18h50, Dionne Bromfield; 19h50, Rox; 21 h, Florence and the Machine; 22h30, Seu Jorge; 0 h, Bruno Mars. Local: Arena Anhembi. Av. Olavo Fontoura, 1.209. Abertura dos portões às 16 h. R$ 200/R$ 480. Classificação: 14 anos. Informações no site: www.livepass.com.br

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