Briga no palco e a falta de futuro para o Charlie Brown Jr

Marcelo Moreira

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Por Redação
Atualização:

Um dos episódios mais desagradáveis da história do rock ocorreu neste final de semana em Apucarana, no interior do Paraná, envolvendo uma das bandas mais desagradáveis do rock brasileiro. Durante o show do Charlie Brown Jr, o vocalista e autointitulado líder da banda Chorão resolveu, do nada, desancar o baixista Champignon, desafeto antigo, que ficou de 2005 a 2011 fora do grupo.

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De forma agressiva e extremamente desrespeitosa, Chorão acusou o baixista de ter voltado à banda por causa de dinheiro, e que deveria agradecer por ter voltado ao Charlie Brown Jr. graças à benevolência do vocalista.

O monólogo insano e absurdo protagonizado pelo "líder" do Charlie Brown Jr durou quatro minutos, terminando quando Champignon vira as costas e deixa o palco, depois que um roadie retira o microfone perto do músico a mando do vocalista. A apresentação continuou por mais algum tempo sem baixista.

Na manhã desta segunda-feira surgiram informações de que o baixista teria anunciado sua saída da banda. À tarde, a assessoria de imprensa do Charlie Brown Jr informou que os músicos teriam feito as pazes e que no mesmo dia uma nota oficial sobre o assunto seria divulgada.

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O episódio nefasto só demonstra a falta de controle e de educação de Chorão, um cantor e músico esforçado, mas de parcos recursos artísticos- o que não invalida o seu mérito, grande, de ter transformado uma banda ruim, com músicas pop de qualidade questionável, em um dos grandes nomes do pop rock nacional dos anos 90.

O cantor já havia protagonizado episódios lamentáveis, como a briga com integrantes dos Los Hermanos em um aeroporto nordestino anos atrás. Também nunca se preocupou com as péssimas repercussões dos problemas internos do Charlie Brown vazarem constantemente, revelando detalhes sórdidos do relacionamento ruim entre os integrantes. Não foi surpresa quando Chorão anunciou que toda a banda estava demitida em 2005, anunciando que fato ele era o dono do conjunto.

O retorno de Champignon e de outros músicos antigos parecia ser um sopro de esperança para reverter o processo contínuo de decadência artística e criativa do Charlie Brown Jr. Aparentemente, os integrantes pareciam mais maduros e tolerantes diante dos desafios de se recuperar uma banda decadente que já fez sucesso, apesar da pouca qualidade de seu repertório.  E Champignon é reconhecidamente um bom instrumentista.

Como as desavenças continuam, fica claro que o Charlie Brown Jr não tem futuro. Pior, aparentemente nem Chorão parece ter futuro. O que é desalentador, já que essa banda, mesmo com seu repertório de músicas ruins, ainda assim é imensamente superior a qualquer banda emo ou pop que existe hoje no rock nacional. Não que o Charlie Brown fará muita falta  - não fará -, mas salienta o quanto o pop nacional desceu ladeira abaixo.

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