Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra gravam CD pop e diversificado

Adriana Dal Ré

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Por Redação
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A amizade de longa data de Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra fez estreitar ainda mais a relação musical entre eles. Livres para encaminhar seus próprios projetos, sobretudo depois que se desligaram de suas respectivas bandas - Arnaldo dos Titãs, na década de 1990, e Edgard do Ira!, em 2007 -, os dois foram se esbarrando pelos palcos (e pelos discos) da vida nas últimas duas décadas.

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Em 2008, Arnaldo e Edgard, ao lado de Taciana Barros, Antonio Pinto e dos filhos do quarteto, criaram o elogiado projeto infantil Pequeno Cidadão e, com o grupo, têm cruzado o Brasil fazendo shows. Além disso, Edgard, em paralelo aos seus próprios trabalhos, voltou a gravar e excursionar com Arnaldo no mais recente disco dele, o Ao Vivo Lá Em Casa, lançado em 2010. A proximidade fez com que eles criassem ainda um show só com voz, guitarra e bumbo eletrônico, em que cantam e tocam suas parcerias.

Desse formato de show, com o qual se apresentam desde 2009, surgiu a vontade de fazer um disco de inéditas e que levasse o nome dos dois. Mergulharam em um processo de composição e, quando estavam com o repertório praticamente pronto, eis que aparece um terceiro elemento que não estava no script: o músico Toumani Diabaté, de Mali (África), e sua kora, uma espécie de harpa com 21 cordas, tradicional na África Ocidental. Dessa nova configuração, que deu origem a uma tríade, nasceu o projeto A Curva da Cintura, que inclui CD e DVD (com direito a documentário sobre os bastidores).

Antes de descrever como e onde se deu esse projeto, vale contar de que maneira Toumani atravessou o caminho da dupla brasileira. Em 2010, Arnaldo e Edgard foram convidados para dividir o palco com o instrumentista maliense no festival Back2Black, no Rio. Eles gostaram da ideia e foram pesquisar mais sobre aquele ilustre - e para eles, até então, desconhecido - convidado. "Eu não só não conhecia a música dele como não conhecia também a kora", afirma Arnaldo. "Fui buscar material na internet para ver de que se tratava."

Apesar de os três pertencerem a origens, sonoridades e idiomas diferentes, o entrosamento daquele encontro abriu precedentes para confabulações futuras. A troca de e-mails evoluiu para a formalização do convite para que Toumani participasse do projeto que, a princípio, só era dos dois.

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 Foto: Estadão

O passo seguinte foi Arnaldo e Edgard viajarem até Bamako, capital do Mali, onde conviveram com o simpático Toumani e seus músicos, dentro e fora do estúdio, durante duas semanas, no ano passado. O entendimento entre o trio se deu por intermédio da língua inglesa e da música.

"Como já tínhamos a maioria das canções já composta, não tinha sido um trabalho pensando na kora. Foi um trabalho urbano. Só que eles entenderam nossa música e a gente, o trabalho de composição deles", explica Edgard. Naturalmente, Toumani contribuiu para o álbum com alguns temas, como Kaira e Rio Seco.

A Curva da Cintura testa a combinação da guitarra meio rock'n'roll de Edgard e das composições confluindo entre a poesia e a urbanidade de Arnaldo com a docilidade sonora da kora. De fato, a composição deles foi preservada, abrindo espaço apenas para uma musicalidade atípica e, por que não, inusitada a eles.

Para quem quiser ouvir as músicas do disco em versão redux, sem a kora de Toumani, Arnaldo e Edgard vão continuar com a formação minimalista nos shows da dupla. Para a audição da versão original, Toumani deve participar de alguns shows aqui no Brasil neste ano.

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