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A voz do blues carioca foi embora - um adeus a Ricardo Werther

Marcelo Moreira

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Por Redação
Atualização:

A voz continuava firme, mesmo com as seguidas internações por conta de problemas decorrentes da debilitação pós-cirurgia para retirar um tumor intestinal. Havia preocupação, mas a serenidade dominou a entrevista que Ricardo Werther deu ao Combate Rock em 2012.

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Era o início de uma campanha pela internet para arrecadar fundos destinados à continuidade do tratamento, já que as finanças do cantor carioca foram utilizados para cobrir procedimentos e comprar acessórios que não eram cobertos pelo plano de saúde.

Amigos músicos, atores e fãs se mobilizaram em shows pelo Brasil e textos virtuais para ajudar Werther, que morreu na madrugada desta terça-feira em Teresópolis, no Rio de Janeiro, aos 49 anos, em decorrência de problemas digestivos que surgiram após a cirurgia.

Ricardo Werther integrou nos anos 90 a ótima banda carioca de blues Big Allanbik, que revelou ao blues nacional um dos grandes instrumentistas do gênero, Gilson Szrajbman, o Big Gilson, além do baixista Ugo Perrotta, do tecladista Allan Ghreen e do baterista Beto Werther, irmão de Ricardo.

Com o fim da banda, no começo dos anos 2000, o vocalista engatou uma bem-sucedida carreira solo e lançou em 2010 o excelente "The Turning Point", bastante elogiado no exterior.

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E foi durante os preparativos para a turnê brasileira do álbum que o músico descobriu uma obstrução intestinal. Na cirurgia, os médicos constataram a existência de um tumor maligno, que foi extirpado. O tratamento e as várias internações e cirurgias subsequentes interromperam a carreira e drenaram todos os recursos acumulados em quase 20 anos nos palcos.

"Perdi 53 quilos em pouco mais de um ano, os médicos retiraram mais de 40 centímetros do intestino e tive de passar por uma completa reeducação alimentar. A luta tem sido brava, mas estou me recuperando e não vejo a hora de retomar a carreira", disse Werther em meados de 2012.

O plano de saúde só cobriu uma parte do custos totais do tratamento e ele buscou a ajuda financeira de amigos e parentes.

Gente como Amleto Barboni, Marcos Ottaviano, André Christóvam e banda paulista Fábrica de Animais, por exemplo, arrumaram datas em suas agendas apertadas para fazer shows em prol do amigo doente.

Dois festivais foram criados em novembro passado em homenagem a Werther, com toda a renda destinada ao músico. Um deles ocorreu simultaneamente em pelo menos dez cidades brasileiras, sob a coordenação do jornalista Helton Ribeiro e suporte da revista Blues'n'Jazz.

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Músico festejado e agregador, o cantor carioca fazia questão de participar dos shows de amigos e adorava lotar o seu próprio palco de convidados. Não é à toa que seu problema de saúde tenha mobilizado parcela expressiva da comunidade musical brasileira.

 Foto: Estadão

"The Turning Point', o último trabalho de Ricardo Werther

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