A volta do The Doors, agora como aplicativo

PEDRO CAIADO, ESPECIAL PARA O ESTADO / LONDRES - O Estado de S.Paulo

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Por Redação
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"Apps estão no futuro de todo artista." A afirmação é de Jac Holzman, 81, fundador da gravadora Elektra, responsável pela descoberta de Jim Morrison e do The Doors em 1966, além de outros artistas como Carly Simon e The Stooges. O homem, que deveria ser um dinossauro da música, é na verdade um antenado e entusiasta da internet. Holzman passou a maior parte de sua carreira conectando a indústria fonográfica e tecnologia e chama as gravadoras de estúpidas, por processar o pioneiro programa de troca de música, Napster, em 2000, em vez de se tornarem grandes parceiros. "Napster foi um presente, se tivéssemos usado da maneira certa", disse em entrevista ao Estado em Londres. "A App Store tem um sucesso hierárquico. Primeiro, vem os jogos, depois aplicativos deutilidade. Somente depois dos aplicativos de graça, vêm os de música, que estão abaixo do número 25. Isso porque ninguém tentou fazer um app de qualidade para música", defendeu o homem que também foi um dos criadores do Atari e um entusiasta no disco de laser e na criação do CD. O Estado teve acesso ao app do The Doors, que apresenta as várias fases da banda através de artigos, arquivos, fotos, vídeos e clipes em formato jukebox dos anos 70. É uma pioneira combinação saudável de livro, música e interatividade - poucos se aventuraram em tal formato no iPad. E apresenta algumas boas surpresas, como o período mais polêmico da banda, conhecido como o "Incidente de Miami", em 1969, contado por meio de bem bolados quadrinhos, feitos pelo filho de Holzman, com trechos de áudio e até um dossiê do FBI. "Exploramos os cofres da Warner e várias outras fontes e encontramos fotos raras, entrevistas inéditas e vídeos de bastidores", explicou, sobre o app que traz também letras de música, artigos do jornalista da Rolling Stone David Fricke, sincronia com a livraria de músicas do usuário e uma lista interessante dos instrumentos usados pela banda em estúdio. "Claro que você pode dar um google em toda esta informação, mas, além do trabalho de procurar, não há interatividade e sincronia alguma", defendeu. "Esse App é um quebra-cabeças de 1.500 peças, em 3D, elegantemente pré-montado", resumiu. "Abeleza aqui é que você pode desconstruí-lo e ir para onde mais te interessa." Holzman gastou um ano e meio desenvolvendo o app oficial da banda, em conjunto com a produtora britânica Brandwith, responsável também pelo excelente e-book do Led Zeppelin lançado em abril. Ele confessou que o interesse de criar o app veio de uma visita ao escritório de um dos executivos do grupo Warner. Lá, notou que vários box-sets permaneciam intactos em cima de uma mesa. "A caixa era talvez mais atraente que a própria música que estava dentro", ironizou. "Esses box-sets são maravilhosos, pois você tem CDs, DVDs, talvez LPs, textos e fotografias, mas eles nunca se complementam - o CD não sincroniza com o texto ou as fotografias, e isso não faz sentido algum", disse. O aplicativo do The Doors está disponível, em inglês, na loja brasileira app store no valor de U$4,99 - muito menos que um livro do gênero. "Se você espalha mais, consegue chegar a um preço bem mais baixo", explicou. Há planos de traduzi-lo para outras línguas, incluindo o português? "Procuramos essa possibilidade, mas a apple não tem um sistema que permita no momento. Mas sabemos que a maioria dos fãs da banda tem fluência em inglês", defendeu. "Tenho certeza que será em algum momento. Este app estará firme nos próximos dez anos, sempre sendo atualizado", disse, lembrando os reveses de uma tradução. "São 45 mil palavras, mas também 500 imagens e vídeos." Sobre a animadora possibilidade de apresentar a banda para a nova geração, Holzman se mostrou entusiasmado. "O The Doors não é um grupo dos anos 60: é uma banda que não envelhece", disse. "A página do Facebook tem 12 milhões de seguidores e, com o lançamento do app, em um mês ganhamos milhares de fãs, o que é muito difícil de fazer em música", explicou.

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